“Examinai-vos a vós
mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos.” - Paulo
Dia destes, conversando com um amigo, ele me dizia de seu estado.
Sabemos todos que em estados ansiosos as pessoas se tornam repetitivas,
ele não seria diferente.
Talvez estivesse nisso, um dos cravos que o afivelassem ao problema, num
sentido próprio de não o deixar ver mais claramente as repostas que certamente
lhe facilitariam o tratamento.
Meu amigo, tem como característica o muito emprego da gírias, aliás eu também
as uso em profusão no dia a dia.
Talvez por isso ele me compreenda melhor do que a outros amigos em comum
que temos.
Dizia-me ele:
"Cara, tô mesmo de "bode". (expressão muito utilizado por
um tempo para diagnosticar um estado aflitivo ou de mau humor).
Veja que parece que tudo em que toco, se transforma em titica, quem sabe
não seja eu como aquele personagem que tudo transformava em ouro?"
ele não se dava conta do imenso humor que se traduzia em sua frase.
"Mano", não consigo falar um tico com minha patroa ou com meus
fiolhos, falta paciência, me irrito, não consigo "ficar na minha".
Continuava então a relação de suas desditas, não se dando conta de que,
entremeadamente, as repetia da mesma maneira ou pelo uso de sinônimos.
Eu, "na minha', a tudo escutava. A princípio sem saber que rumo dar
aos tantos pensamentos que me assomavam a tela mental, mas depois de uns
minutos de escuta atenta, atalhando ao meu "maninho", lhe perguntei:
"Gente boa", você, não sabe que no seu estado você fica muito
mais vulnerável à ação de Espíritos que lhe estejam afins ao estado em que você
esteja?
ele, que gostava de conversar sobre assuntos da espiritualidade, me
olhando reto á aos olhos, disse:
"Cara, tu é mesmo da onda!" Como não pensei nisso.... Pombas,
mas quem estuda esse lance é tu mesmo não eu, mas ai tem mano, ai tem...
E ficou pensativo por uns instantes.
Então, lhe disse, "véio", tens de procurar sempre estar no
comando de teus pensamentos, senão "cumpadi", o "bicho" vem
e te leva a "caranga" sacou? (bicho é uma gíria que alcunha aos
ladrões em geral, nas rodas de criminosos é normal se escutá-la, quando dizem
sobre um assalto que farão: "Amanhã eu vou "chegar de bicho"
naquele lance").
Amente vazia, "maninho" é oficina do demo!
Saoindo ele daquele estado pensativo, prontamente ele concordou
mas intrigado e depois de repetir outra vez toda a história, me pergunta:
Mourinha, tu que sabe das coisas, me diz, como eu faço pra "dar um tempo
nessa bagaça"?
bem, respondi eu, basta, a começo, que tentes olhar, com se estivesse
fora do lance, tipo p juiz de futebol que vê o Neymar ser derrubado por outro
jogador "sacou"?
"Mano", prossegui, é este estado que te vai levar a sacar as
coisas, mas sem que sejas derrubado por elas.
Quando deixamos que nossa mente se intrometa a fundo naquilo que
passamos, de repente ficamos de "lupa" (gíria para óculos"preta
entende?
ele então parecendo mais tranquilo me respondeu: Esse lance é o nosso
inferno astral? E eu lhe respondi num átimo: Não mano este lance é o teu
inferno interior, motivado pela culpa, ou pelos erros que sabes ter cometidos,
entretanto, não podes deles te afastar se te deixas ficar embolado por eles,
"valeu"?
Meu amigo então já esboçava um tênue e constrangido sorriso...
Sabe Mourinha, tu é dez! Se não
fosse tu, eu tava danado! Já posso entender o que vou fazer pra "rapar
fora" desse lance maldito.
Primeiro vou modificar minha visão, depois tenho de me esforçar pra me
segurar quando a dona patroa vier me sentar o porrete, e ela é mirolha mano.
Meu amigo falava sobre a conversa que iria ter com a esposa.
Sempre que se instalava uma discussão mais forte ele saia de casa
batendo a porta deixando a esposa sem respostas.
foi quando, eu, aproveitando aqueles pensamentos finalizei a
conversa...
Sabe mano, se e quando você conseguir fazer tudo oque disse que iria
fazer, vais te ver no teu céu interior.
Terás resolvido uma porção de pequenas arestas que se faziam gigantes
antes mas que eram de fácil conserto.
"Véio", não há grandes problemas, há sim grandes perturbações
que não nos deixam acessar as portas que o barbudão lá de cima sempre
coloca para que nelas batamos.
Caracas "mano véio", lá vem tu com esse papo de pastor... Tô
fora!
E saindo, antes me dando um grande e amigável abraço, lá se foi meu
amigo de tanto tempo, na certeza de que iria ficar "melhor na fita",
como ele mesmo disse.
Resumo da ópera, não se pode fazer nada sem que olhemos aos
acontecimentos que nos esbroam pela frente, com se meros espectadores fossemos,
a intranquilidade, a ânsia, o medo de errar mais, a insegurança nos faz menores
do que realmente sejamos e nesse caso, estaremos sempre a queimar em nosso
inferno interior, quando de outra maneira, havendo resolvido as pequenas
desavenças e erros, estaríamos em nosso céu interior.
Abraços,
Moura
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