Quem sou eu?
De onde vim ao nascer?
Para onde irei depois da morte?
O que há depois dela?
Por que uns sofrem mais do que outros?
Por que uns têm determinada aptidão e outros não?
Por que alguns nascem ricos e outros pobres?
Alguns cegos, aleijados, débeis mentais, enquanto outros
nascem inteligentes e saudáveis?
Por que Deus permite tamanha desigualdade entre seus filhos?
Por que uns, que são maus, sofrem menos que outros, que são
bons?
No entanto, a maioria das pessoas, vivendo a vida atribulada
de hoje, não está interessada nos problemas fundamentais da existência.
Quando, porém, tais pessoas são surpreendidas por um grande
problema, a perda de um ente querido, uma doença incurável, uma queda
financeira desastrosa - fatos que podem acontecer na vida de todo mundo - não
encontram em si mesmas a fé necessária, nem a compreensão para enfrentar o
problema com coragem e resignação, caindo, invariavelmente, no desespero.
Onde se encontra a solução?
Há uma doutrina que atende a todos estes questionamentos. É o
Espiritismo. O conhecimento espírita abre-nos uma visão ampla e racional da
vida, explicando-a de maneira convincente e permitindo-nos iniciar uma
transformação íntima, para melhor.
Mas o que é o Espiritismo?
É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos
Superiores, através de médiuns, que são os intermediários entre o mundo
espiritual e o mundo físico. Contidos nas obras de Allan Kardec que constituem
a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho
segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese.
O Espiritismo é, ao mesmo tempo filosofia, ciência e
religião. Filosofia, porque dá uma interpretação da vida, respondendo questões
como "de onde eu vim", "o que faço no mundo", "para
onde irei depois da morte". Ciência, porque estuda, à luz da razão e
dentro de critérios científicos, os fenômenos mediúnicos, isto é, fenômenos
provocados pelos espíritos e que não passam de fatos naturais. Todos os
fenômenos, mesmo os mais estranhos, têm explicação científica. Não existe o
sobrenatural no Espiritismo. Religião, porque é uma doutrina cristã que tem por
objetivo a transformação moral do homem, revivendo os ensinamentos de Jesus
Cristo, que é o guia e modelo para toda a Humanidade, sendo a Doutrina que Ele
ensinou e exemplificou a expressão mais pura da Lei de Deus. na sua verdadeira
expressão de simplicidade, pureza e amor.
A prática espírita é bem simples, não tem sacerdotes e não
adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, velas,
procissões, sacramentos, paramentos, incenso, fumo, talismãs, amuletos,
horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos,
rituais ou formas de culto exterior. Toda a prática verdadeiramente espírita é
gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: "Dai de graça o que
de graça recebestes".
E quais são os fundamentos básicos do Espiritismo?
A existência de Deus, que é o Criador, causa primária de
todas as coisas. A Suprema Inteligência. É eterno, imutável, imaterial,
onipotente, soberanamente justo e bom.
A imortalidade da alma ou espírito. O espírito é o princípio
inteligente do Universo, criado por Deus, para evoluir e realizar-se
individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos que somos, todos
nós já existíamos antes do nascimento e continuaremos a existir depois da morte
do corpo.
A reencarnação. Criado simples e sem nenhum conhecimento, o
espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de
livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Tem a
possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez
melhor, mais perfeito, como um aluno na escola, passando de uma série para
outra, através dos diversos cursos. Essa evolução requer aprendizado, e o
espírito só pode alcançá-la reencarnando no mundo, quantas vezes se façam
necessárias, para adquirir mais conhecimento, através das múltiplas
experiências de vida. O progresso adquirido pelo espírito não é somente
intelectual, mas, sobretudo, o progresso moral.
Não nos lembramos das existências passadas e nisso também se
manifesta a sabedoria de Deus. Se lembrássemos do mal que fizemos ou dos
sofrimentos que passamos, dos inimigos que nos prejudicaram ou daqueles a quem
prejudicamos, não teríamos condições de viver entre eles atualmente. Pois, em
muitos casos, os desafetos do passado podem estar hoje na condição de nossos
familiares ou amigos que, presentemente, se encontram junto de nós para a
reconciliação. A reencarnação, desta forma, é a oportunidade de reparação,
assim como é, também, oportunidade de devotarmos nossos esforços pelo bem dos
outros, apressando nossa evolução espiritual. Pelo mecanismo da reencarnação
vemos que Deus não castiga. Somos nós os causadores dos próprios sofrimentos,
pela lei de "ação e reação", "Causa e efeito".
De que outra forma, senão esta, entenderemos a Justiça Divina
perante as desigualdades existentes no mundo, desde o momento do nascimento ?
Todavia, nem todas as encarnações se verificam na Terra.
Existem mundos superiores e inferiores ao nosso. Quando evoluirmos muito,
poderemos renascer num planeta de ordem elevada. O Universo é infinito e
"na casa de meu Pai há muitas moradas", já dizia Jesus.
A COMUNICABILIDADE DOS ESPÍRITOS
Os espíritos são o princípio inteligente da criação. Podem
estar na condição de encarnados, como nós atualmente, ou na condição de
desencarnados, continuado a ser como eram no plano físico: bons ou maus, sérios
ou brincalhões, trabalhadores ou preguiçosos, cultos ou medíocres, verdadeiros
ou mentirosos. Eles estão por toda parte. Não estão ociosos. Pelo contrário,
eles têm as suas ocupações. Através dos médiuns, o espírito pode comunicar-se
conosco, se puder e se quiser. A comunicação se dá de conformidade com o tipo
de mediunidade, sendo as mais conhecidas: pela fala (psicofonia), pela escrita
(psicografia), pela visão (vidência) e a intuição, da qual todos guardamos
experiências pessoais. As relações dos Espíritos com os homens são constantes e
sempre existiram desde os tempos remotos. Os bons Espíritos nos atraem para o
bem, sustentam-nos nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e
resignação. Os imperfeitos nos induzem ao erro. A mediunidade é uma faculdade
que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou
da diretriz doutrinária de vida que adotem. A Prática mediúnica espírita só é
aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da
moral cristã.
Como o Espiritismo interpreta o Céu e o Inferno?
Não há céu nem inferno. Existem, sim, estados de alma que
podem ser descritos como celestiais ou infernais. Não existem também anjos ou demônios,
mas apenas espíritos superiores e espíritos inferiores, que também estão a
caminho da perfeição - os bons se tornando melhores e os maus se regenerando.
Deus não se esquece de nenhum de seus filhos, deixando a cada
um o mérito das suas obras, possibilitando quantas encarnações forem precisas
para que os mesmos se reajustem e também evoluam em conhecimento e moralidade.
Somente desta forma podemos entender a Suprema Justiça Divina.
Como o Espiritismo vê as outras Religiões e a Bíblia?
O Espiritismo respeita todas as religiões e doutrinas,
valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela
confraternização e pela paz entre todos os povos e entre todos os homens,
independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou
social. Reconhece, ainda, que "o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a
lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza".
A Bíblia é um livro respeitável, seu original em hebraico foi
traduzido com o passar do tempo para o grego, depois para o latim e só então
para o português. A Bíblia não condena o Espiritismo, refere-se as práticas dos
necromantes, adivinhos, feiticeiros e a evocação dos mortos para satisfazer
essas práticas, que eram provenientes das tradições egípcias, onde se usavam da
mediunidade de forma equivocada, práticas essas que o Espiritismo também
discorda segundo Kardec (Livro dos Médiuns item 273). Tudo isso fica bem
evidenciado em Isaías 8,19 e 19,3 ; I Samuel 9,9-10 e 28,7-19 ; Êxodo 7, 20-22
e 22,18.
O que é realmente estranho são as supostas referências de
proibições em Deuteronômio 18,9-11 ; Levítico 19,31 e 20,6, onde aparecerem as
palavras "Espiritismo", "Espíritas", "Médiuns"
que não existiam na época em que os textos bíblicos foram escritos, já que o
Espiritismo surgiu a partir de 1857. Também não consta nos dicionários
Hebraico-Português, Grego-Português e Latim-Português a palavra
"Espiritismo". Como então os termos referentes ao Espiritismo foram
aparecer nessas traduções atuais da Bíblia, já que na versão original não
constam ? Será que isso não vai de encontro a uma séria advertência do
Apocalipse 22,18 ?
Na verdade os textos bíblicos encaram com naturalidade a
comunicação entre o mundo material e o espiritual e vice-versa, o próprio Jesus
se comunicou após a morte e mesmo ainda em vida se comunicou com Moisés e Elias
já mortos (Mateus 17, 1-4). Outros textos, dentre muitos, atestam o dito acima,
tais como : Gênesis 16,7-12 ; Êxodo 3,1-3 ; I Samuel 16,14-23 ; Ezequiel 2,1-2
; 3,12-14 e 8,1-6 ; Daniel 5,5-7 ; 6,17-25 e 9,20-23 ; Números 11,26-30 ; Atos
dos Apóstolos 2,1-4 ; 6,8-10 ; 8,29-30 ; 10,3 e 16,16-18 ; I Corintios 12,4-11
e 15,42-44, etc...
A existência da alma antes do nascimento físico fica evidente
em Jeremias 1,5 e Sabedoria 8,19. A reencarnação também pode ser verificada em
Mateus 11,14 e 17,10-13 ; João 3,3-12 ; Ezequiel 37,1-14 ; Salmos 70,20 e
84,6-8, dentre muitos outros. Será também interessante observar o que a Bíblia
recomenda como práticas a serem cumpridas em Êxodo 20,4-5 e em Mateus 6,5-8.
Por que o Espiritismo realça a Caridade?
Porque fora dos preceitos da verdadeira caridade, o espírito
não poderá atingir a perfeição para a qual foi destinado. Tendo-a por norma,
todos os homens são irmãos e qualquer que seja a forma pela qual adorem o
Criador, eles se estendem as mãos, se entendem e se ajudam mutuamente.
Por que fé raciocinada?
A fé sem raciocínio não passa de uma crendice ou mesmo de uma
superstição. Antes de aceitarmos alguma coisa como verdade, devemos analisá-la
bem. O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em
conhecê-lo a submeterem os seus ensinos ao crivo da razão, antes de aceitá-los.
"Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as
épocas da humanidade." (Allan Kardec)
E onde podemos encontrar mais esclarecimentos sobre o
Espiritismo?
Começando pela leitura dos livros de Allan Kardec nas Obras Básicas.