De: Alamar Régis Carvalho
Para: José Roberto Vieira da Silva
|
Roberto: Os congressos espíritas tem desenvolvido bem os seus papéis? Tem
funcionado mesmo como Congressos?
|
|
ATENÇÃO - Eu não tenho o menor interesse em mandar SPAM para ninguém. Se o seu
nome constar do meu banco de dados e não for do seu desejo, por favor,
peça-me que retirarei imediatamente. Infelizmente nem todos os sistemas de
computadores são perfeitos.
|
||||
MEUS PROGRAMAS NO YOUTUBE - Os meus programas de televisão estão sendo digitalizados e
disponibilizados no Youtube. Inclusive os históricos, com notáveis espíritas
que já retornaram à Espiritualidade, além das entrevistas com a "turma
da Bahia". Entre no site da Rede Visão e assista. Tem muita coisa muito
interessante lá. Veja lá em www.redevisao.net
|
||||
|
Eventos Espíritas
Será que estamos fazendo certo?
Que tal a gente trocar algumas idéias?
Quem realiza um
evento, seja ele da natureza e do segmento que for, obviamente pretende obter
algum resultado com ele, não é verdade?
Ora, isto é óbvio.
Pois é, só que
obter resultado não é o suficiente, porque algum resultado todos trazem, o
importante, creio eu, é: que o resultado seja o melhor possível.
Caso você veja
coerência nisto, vamos continuar a conversar.
Já que estou
escrevendo para o público espírita, ou melhor, para os meus amigos espíritas,
quero falar dos eventos espíritas.
Será que os eventos
espíritas estão sendo realizados para o público certo, falando a linguagem de
acordo com o perfil do público para o qual eles se destinam?
Será que os
organizadores estão sabendo, por exemplo, estabelecer a diferença entre o
conteúdo que deve ser abordado dentro do centro espírita e o que deve ser
abordado em um Congresso?
Não quero eu
afirmar que algum procedimento esteja certo ou errado, quero apenas que você me
acompanhe no raciocínio e tire, você mesmo, com a sua própria cabeça, a sua
conclusão.
Façamos um
paralelo, tomando um congresso de Medicina, como exemplo:
Eu já falei um
pouco sobre isto, mas quero falar de novo, com outra abordagem, para que todos
reflitam:
O congresso de
Medicina
É um evento voltado
para quem?
Para os médicos ou
para os pacientes?
Quem está bem
informado, sabe muito bem que um congresso de Medicina é voltado para os
médicos e não para os pacientes, da mesma forma que um congresso de Engenharia
Civil é voltado para os engenheiros e não para as pessoas que desejam comprar
casas ou apartamentos, um congresso de Psicologia é voltado para os psicólogos
e não para os seus pacientes.
O congresso de
Medicina propõe oferecer aos médicos melhores condições de atender aos seus
pacientes, passando a eles novas informações, atualização dos seus
conhecimentos, aperfeiçoamento das técnicas do exercício da profissão, novas
descobertas no campo dos medicamentos e dos instrumentos ambulatoriais,
laboratoriais e hospitalares, relatos de novas experiências no exterior, etc.
Surgem as novas
máquinas de ressonância magnética de 6 teslas. Maravilha!!!! Que beleza! Agora
os médicos poderão ter uma condição de ver com mais detalhes, mais profundidade
e mais segurança o que de fato tem no corpo do paciente, o que implica em
diagnósticos mais seguros e precisos e, obviamente, maiores acertos e
probabilidades de cura. E assim vão diminuindo os índices de mortalidade e
aumentando a média da longevidade do homem.
Eles falam das
diversas coisas boas que surgem, trazem as boas notícias e terminam fazendo com
que diversos médicos, clínicas e hospitais participantes saiam de lá dispostos
a atualização dos seus instrumentos, equipamentos e dos seus conceitos,
imediatamente.
Mas tem uma coisa:
Nos congressos de Medicina, também, discutem-se
os problemas e as coisas ruins da prática médica, como a infecção
hospitalar, que é uma coisa horrível que mata muita gente, o lixo hospitalar, a
fofoca, o envolvimento de médicos com enfermeiras e vice-versa, enfim, congresso médico trata, também, de coisas ruins.
Agora imagine você,
se a programação de um congresso médico fosse elaborada por um espírita, do
tipo de muitos que eu conheço e você também conhece, o que aconteceria:
Certamente seria
abolida das discussões qualquer abordagem acerca de infecção hospitalar,
envolvimento de médicos com enfermeiras e outros, sob a seguinte argumentação:
- “Meus irmãos. Não
vamos nos preocupar com as coisas ruins, vamos pensar só nas coisas boas. Vamos
acalmar os nossos corações e as nossas almas, para que o congresso transcorra
tudo em Pazzzzz”
E os corações dos
pacientes internados em hospitais com incidência de infecção que se danem.
De repente surge um
grande profissional da Medicina, pesquisador, fuçador, experimentador,
observador e extremamente criterioso que se dispõe a contestar determinados
procedimentos praticados pela maioria dos médicos de uma determinada
especialidade, querendo demonstrar que eles não são os mais eficientes e que
ele conhece um método bem melhor, comprovadamente eficaz.
Qual seria a
decisão da coordenação:
Não vamos dar
ouvidos a ele não, meus irmãos, ele é polêmico e não vale a pena abrir espaço
no congresso. É preciso que tenhamos muito cuidado com essas novidades que
aparecem por aí.
Certamente, por
causa da cabeça limitada e congelada de um, todos os outros médicos
participantes deixariam de ter uma informação que poderia ser valiozíssima no
seu exercício médico e que, por conseqüência, poderia também salvar muitas
vidas.
A grande conclusão
disto é que o congresso médico
serve para os médicos e não para os pacientes, com objetivo de fazê-los
melhores preparados no exercício de curar as pessoas. Para isto, discutem o que
melhor deve ser feito e também o que não
deve ser feito no procedimento médico.
Agora vejamos o
congresso espírita
Eles estão sendo
feitos para os médicos ou para os pacientes?
Façamos a pergunta
de outra forma, ou seja, mais direta:
Eles estão sendo
feitos para os trabalhadores da casa espírita ou para os freqüentadores dos
centros?
Mas aí, vem alguém
com muito “conhecimento” espírita, ou melhor, sempre achando que conhece o Espiritismo
mais do que todo mundo, para dizer:
- Alamar, o
trabalhador da casa espírita é o mais necessitado de todos, é o que mais
precisa de ajuda. Ele não é nenhum privilegiado.
Eu sei disto.
Ocorre que os médicos também são seres humanos que adoecem, precisam de
atendimento de companheiros de outras especialidades e passam por problemas de
saúde também. E daí?
No entanto, os
congressos médicos continuam sendo destinados aos médicos e não aos pacientes.
Meus amigos: a
grande realidade é que muitos congressos e grandes eventos espíritas são
formatados como se fossem os próprios centros espíritas, falando exatamente a
mesma coisa, com a única diferença de ser em local maior, para mais pessoas e
com todos os participantes portando um crachá pendurado no pescoço.
É ou não é assim?
Sinceramente,
amigo, usemos o bom senso e questionemos:
Tem sentido uma
organização de Congresso Espírita chamar um palestrante para falar sobre a “parábola do semeador”, “que a mão esquerda
não veja o que dá a direita”, “o óbulo da viúva”, “parábola dos talentos” ... e temas desta
natureza?
Aí, precipitada e
preconceituosamente, vem um palhaço qualquer de visão equivocada para abrir a
boca e afirmar que o Alamar está querendo tirar o Evangelho do Espiritismo.
Já vi este filme,
várias vezes.
Eu sei muito bem
que Jesus é o maior modelo e guia que deve servir de trilha para os espíritas e
que o Evangelho é o grande manual de conduta moral que devemos seguir, mas isto
não quer dizer que devamos restringir o espiritismo a fanatismo religioso,
deixando de lado a gigantesca abrangência que ele tem.
Ir para um
congresso espírita escutar as mesmas coisas, exatamente as mesmas coisas que a
gente escutou inúmeras vezes e ainda vai escutar incontáveis vezes, apenas
partindo de uma boca diferente, mas temas que já conhecemos começo, meio e fim
é algo que não faz sentido.
Assim como o
congresso médico que objetiva dar mais informações aos médicos, atualizá-los e
prepará-los melhor para atender aos seus pacientes, o congresso espírita
deveria ter como objetivo a necessidade de também preparar os trabalhadores
espíritas para adquirirem condições de dar um melhor e mais eficiente
atendimento às pessoas que freqüentam o centro, que procuram um atendimento e
uma orientação dentro da proposta espírita.
Há muito tempo
vivemos uma experiência terrível de ver inúmeras casas espíritas conduzidas por
cegos que pretendem guiar cegos, pessoas absolutamente despreparadas se
apresentando como trabalhador da casa e até dizendo o que deve ou não deve
fazer aquele que freqüenta o centro.
Coloco aqui, em
nível de sugestão, alguns tópicos que eu acho que caberiam em congressos
espíritas:
I - As casas
espíritas estão sabendo conduzir bem a juventude espírita?
Raramente
encontramos uma casa espírita que tem uma grande, boa, atuante, presente e
dedicada juventude espírita. Se você pesquisar bem, vai perceber que, dentre os
jovens que vão para o centro espírita a maioria vai para agradar aos pais,
apenas. Qual é o adolescente que gosta de escutar coisas do tipo:
“Marcia, olhe esses
trajes que você veste pra vir para a casa espírita”
“Psiu, vamos fazer
silêncio... parem de rir, porque isto aqui é lugar de respeito”
“Tire o braço do
ombro dela, Marquinho. Não pode ficar abraçado, porque aqui é lugar de
respeito”.
“Vamos parar com as
gargalhadas. Olhem a disciplina!!!”
“Sente-se direito,
Thaís”
“Essas coisas não
devem ser ditas na casa espírita, Zé Alberto.”.
“Vamos maneirar no
palavreado aqui na casa espírita”.
“Você poderia muito
bem dizer a mesma coisa usando outras palavras”.
E haja falar em
obsessão, obsessores, umbrais...
Sexo é a pior coisa
que existe no mundo! Não existe nada mais imoral do que sexo na cabeça de
determinadas lideranças espíritas.
Quem é que agüenta,
gente? Qual o adolescente que suporta?
Muitas meninas,
jovens, hoje já estão com suas vidas sexuais ativas, os rapazes também. Como
vocês acham que eles se sentem, ouvindo alguém dizer que sexo é a perdição, é a
expressão máxima da imoralidade, é indecência, é pecaminoso, é perversão, é
obsessivo, é atrativo para obsessores terríveis...
Qual o jovem que
gosta de escutar isto?
Sem falar na mania
de pobreza, nos bancos duros, nas cadeiras plásticas de 10 reais, na iluminação
deficiente, em nome da “humildade”, na cantina fajuta e deficiente, nas
proibições de músicas, no famoso “O silêncio é uma
prece”, e todas essas coisinhas altamente “agradáveis” à juventude.
II – Relação humana
entre os espíritas
Os espíritas se
amam, uns aos outros, conforme aquele amor que eles pregam nas tribunas dos
centros e nos artigos que escrevem?
Que tal a gente
discutir isto em congresso?
Sei que tem gente
que vai querer fugir deste assunto, como o diabo foge da cruz, porque sabe,
muito bem, qual é a realidade que existe e que, se mexer nesse angu, vai dar
muitos panos pras mangas, como se diz no ditado popular.
Não é mais fácil
chamar de polêmico alguém que sugere enfrentar este assunto com coragem e
dignidade?
III – Valores
morais
a) Teoria e prática dos valores morais
b) Valores ensinados e valores vivenciados
c) Comportamentos teatralizados
IV – Relação com os
que pensam diferente
a) Ódios que alguns têm de determinados autores – Há companheiros que não
fazem outra coisa a não ser manifestar os seus ódios contra determinados
autores, determinados médiuns e procedimentos.
b) As proibições, os boicotes, as sabotagens e as difamações.
c) Fidelidade com as histórias, compromisso de retratar sempre a verdade.
V – Necessidade de
assumir responsabilidade por todas as atitudes
a) Transferir para a diretoria a responsabilidade por atos imorais
praticados por mim.
b) Faça, mas não diga pra ninguém que eu mandei você fazer.
VI – Estamos nos
conduzindo conforme Kardec?
a) Procuramos conhecer Kardec, integralmente, antes de proibir
procedimentos?
b) O excesso de religiosismo praticado por nós está de acordo com Kardec?
c) Centro Espírita: Igreja ou escola?
VII – Divulgação da
Doutrina
a) Os espíritas estão divulgando a doutrina para o grande público?
b) Novelas da Globo que falam de coisas dos espíritos – Como está a
tolerância do meio espírita em relação à Globo, nessas novelas?
c) O movimento espírita tem feito algum esforço, se aproveitando do embalo
da Globo, para incrementar a divulgação e levar o Espiritismo ao grande
público, inclusive corrigindo alguma distorção ou abordagem não bem explicada
nas novelas?
Enfim, amigos, há
muita coisa interessante e de relevada importância que poderia ser discutida,
debatida e estudada pelo segmento espírita e não existe ambiente melhor para
falar dessas coisas que num Congresso Espírita.
Eu, Alamar, tenho a
prova de que o trabalhador espírita quer mesmo discutir este assunto, quer que
fale sobre este assunto e quer trabalhar os problemas do movimento, haja vista
as manifestações do público em minhas palestras.
No Congresso
Espírita do Rio Grande do Norte, acontecido em agosto do ano passado, 2011, eu
resolvi fugir do tema que me foi proposto e partir para fazer uma abordagem
exatamente dentro disto que estou falando neste artigo.
Qual foi o
resultado?
O público, que
lotava o Centro de Convenções de Natal, mais de mil pessoas, ficou chateado
porque o palestrante mudou o tema?
Não, gente! muito
pelo contrário, interrompeu o palestrante, com aplausos, diversas vezes e no
final o aplaudiu de pé.
Vejam o que dizem
espíritas notáveis, como Heloísa Pires, Alkíndar de Oliveira, Frederico
Menezes, Dr. Jaíder Rodrigues, Dra. Irvênia Prada, Dr. Kau Mascarenhas, Dr.
Mário Motoyama, Dr. Ribamar Tourinho, Dr. Luiz Signates, Dr. Avildo Fioravante,
e vários outros no vídeo, a seguir, que postei no Youtube:
Agora veja vários
depoimentos de participantes outros, do mesmo congresso, inclusive três membros
da sua organização.
E aí eu pergunto:
Será que essas
pessoas não têm importância nenhuma?
Amigos, isto que
aconteceu em Natal, tem acontecido em todos os lugares por onde eu ando, em vários estados do Brasil: São Paulo, Rio de
Janeiro, Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Sergipe, Espírito Santo... e eu faço questão de gravar tudo, para que
fique documentado e um desses donos da “verdade” não venha querer dizer que é
mentira.
O que todos
precisam saber é o seguinte:
Em cada região o
Espiritismo está nas mãos de alguns donos, ou melhor, de pessoas que se acham
donas da doutrina, que impõem que ela deve ser praticada conforme as suas
visões, geralmente míopes.
É preciso que as
pessoas dêem um basta nisto, que se unam e exijam que o Espiritismo seja feito
com coerência, com bom senso e que espíritas não tenham medo e nem receio de
discutir assunto nenhum e nem enfrentar quem quer que seja.
Se alguém vem falar
alguma bobagem ou algo que comprometa a doutrina, a gente tem que estar
preparado para contestar. Mas, vejam bem: Isto não quer dizer que eu forme uma
concepção da doutrina, conforme a minha cabeça e as minhas conveniências e
venha querer que a minha visão seja a verdade absoluta. Muitos fazem isto.
Um elemento para
dizer que o que outro alguém diz, escreve e faz não é Espiritismo, precisa
conhecer Allan Kardec integralmente e não apenas conhecer a doutrina por ter lido o livro dos Espíritos,
viver abrindo o Evangelho ao “acaso” (sempre no meio) e praticar o mesmo ritual religioso/igrejeiro de toda semana no centro
espírita.
Conhecer a doutrina
é muito mais do que isto, é conhecer Kardec totalmente, o que só é possível
através da Revista Espírita, conforme eu já disse em outros emails.
Conclusão
Vamos fazer
congressos espíritas conforme a Medicina faz os seus. Vamos preparar melhor os
trabalhadores espíritas, principalmente dirigentes, do mesmo jeito que os
congressos médicos aperfeiçoam o conhecimento dos médicos.
Fazendo assim, com
certeza vamos conseguir atender melhor as pessoas que procuram pelas casas
espíritas, vamos diminuir a gigantesca evasão que existe nos centros, vamos
fazer mais gente feliz proporcionando uma doutrina linda, maravilhosa, alegre e
encantadora.
Abração.
Alamar Régis Carvalho
Analista de Sistemas, Escritor e ANTARES Dinastia
Analista de Sistemas, Escritor e ANTARES Dinastia