terça-feira, 24 de abril de 2012


A Dor em Nossas Vidas

Você já parou para pensar na razão da existência da dor, do sofrimento, em nossas vidas?
Talvez num daqueles momentos de extrema angústia, em que o coração parece apertar forte, você tenha pensado em Deus, na vida, e gritado intimamente: por quê?!
Os benfeitores espirituais vem nos esclarecer que a dor é uma lei de equilíbrio e educação.
Léon Denis, reconhecido escritor francês, em sua obra “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, esclarece que o gênio não é somente o resultado de trabalhos seculares; é também a apoteose, a coroação de sofrimento.
De Homero a Dante, a Camões, a Tasso, a Milton, todos os grandes homens, como eles, têm sofrido.
A dor fez-lhes vibrar a alma, inspirou-lhes a nobreza dos sentimentos, a intensidade da emoção que souberam traduzir com os acentos do gênio, e que os imortalizou.
É na dor que mais sobressaem os cânticos da alma.
Quando ela atinge as profundezas do ser, faz de lá saírem os gritos sinceros, os poderosos apelos que comovem e arrastam as multidões.
Dá-se o mesmo com todos os heróis, com todas as pessoas de grande caráter, com os corações generosos, com os espíritos mais eminentes. Sua elevação mede-se pela soma dos sofrimentos que passaram.
Ante a dor e a morte, a alma do herói e do mártir revela-se em sua beleza comovedora, em sua grandeza trágica que toca, às vezes, o sublime, e o inunda de uma luz inapagável.
A história do mundo não é outra coisa mais que a sagração do espírito pela dor. Sem ela, não pode haver virtude completa, nem glória imperecível.
Se, nas horas da provação, soubéssemos observar o trabalho interno, a ação misteriosa da dor em nós, em nosso “eu”, em nossa consciência, compreenderíamos melhor sua obra sublime de educação e aperfeiçoamento.
A dor é um dos meios de que Deus se utiliza para nos chamar a Si e, ao mesmo tempo, nos tornar mais rapidamente acessíveis à felicidade espiritual, única duradoura.
É, pois, realmente pelo amor que nos tem que Deus envia o sofrimento.
Fere-nos, corrige-nos como a mãe corrige o filho para educá-lo e melhorá-lo; trabalha incessantemente para tornar dóceis, para purificar e embelezar nossas almas, porque elas não podem ser completamente felizes, senão na medida correspondente às suas perfeições.
A todos aqueles que perguntam: para que serve a dor? A sabedoria divina responde: para polir a pedra, esculpir o mármore, fundir o vidro, martelar o ferro.
A dor física é, em geral, um aviso da natureza, que procura preservar-nos dos excessos. Sem ela, abusaríamos de nossos órgãos até o ponto de os destruirmos antes do tempo.
Quando um mal perigoso se vai insinuando em nós, que aconteceria se não lhes sentíssemos logo os efeitos desagradáveis? Ele nos invadiria cada vez mais, terminando por secar em nós as fontes de vida.
É assim que, em nosso mundo, para o nosso crescimento, a dor ainda se faz necessária.


Redação Momento Espírita

A MORTE SOCIAL


Entidades religiosas e filantrópicas tentam amenizar os padecimentos de nossos irmãos excluídos que sofrem situações graves de abandono e miséria moral. Entretanto, ainda é muito pouco o interesse e a conscientização da sociedade em torno destes graves problemas sociais, principalmente daqueles que agem com indiferença como se a dor ou um caso análogo não pudesse acontecer com um ente querido ou consigo mesmo.
Não podemos subestimar o quadro atual em que se apresenta o grande número de pessoas de todas as classes sociais, dependentes de drogas. A toxicomania atinge números alarmantes, principalmente entre os adolescentes.
A imprensa registra todos os dias a preocupação de pais e professores com o tráfico de drogas nas proximidades das escolas.
Muitos sabem e receiam apontar responsáveis.
Como lutar contra tal calamidade?
O que se pode fazer ante o poder dos que propagam o uso das drogas e se enriquecem destruindo vidas?
Não é tarefa fácil a erradicação da toxicomania. Conscientizar a cada um deste grave mal social e levá-lo a uma postura ética e responsável demanda tempo e nem todos estão preparados para enfrentar este grave problema.
Diz-nos Camillo, através da psicografia de Raul Teixeira:
“Só a educação tem o poder de transformar esta caótica situação pelo motivo de que se torna impossível manter uma guarda permanente junto a cada lar ou a cada pessoa, sabendo que as drogas, nas suas multifaces, hão penetrado o convívio doméstico, arrebatando aí os familiares desprevenidos ou profundamente perturbados, da percepção ingênua, desatenta ou indiferente daqueles que deveriam ser seus guardiões.”
Compreendendo que a toxicomania se instala, principalmente nas almas enfermas, frágeis, atormentadas por conflitos, trazendo de outras vidas o condicionamento que facilita o processo de dependência física e psíquica de alcoólicos e outras drogas, reconhecemos o valor da educação moral e evangelização do ser desde a infância, como profilaxia indispensável.
Antes que a morte social segregue e aniquile o irmão que se perdeu nos labirintos do vício, há de se pensar e buscar o apoio fraterno, a ajuda médica e psicológica, tentando reerguê-lo e induzi-lo a uma opção de vida mais digna.
É dever de todos nós.
Somente a educação moral levará o indivíduo à conquista do discernimento que resultará na aquisição da consciência ética, liberando-o dos condicionamentos deprimentes e subjugadores, ampliando sua capacidade de distinguir o bem e o mal, ampliando sua visão em torno do que lhe acontece no campo da alma enferma e dando-lhe condições de lutar contra os vícios morais que o prendem como algemas cruéis impedindo-o de ser feliz.
A Doutrina Espírita nos leva a cuidar do ser em seu dualismo – espírito e matéria – reconhecendo na toxicomania a influenciação de mentes desencarnadas, o que requer uma mudança real e profunda dos conteúdos psíquicos do encarnado.
Ensina Joanna de Ângelis (“O ser consciente”):
“Na psicoterapia espírita, o conhecimento da sobrevivência e do inter-relacionamento entre os seres das duas esferas – física e espiritual – oferece processos liberativos centrados sempre na transformação moral do paciente, sua renovação interior e suas ações edificantes, que facultam o discernimento entre o certo e o errado, propiciando a transferência para o nível superior, no qual se torna inascessível a indução perversa.”
Com esse pensamento, a Benfeitora mostra-nos que para a libertação dos que são submetidos à ação perniciosa das drogas é indispensável a ajuda psicológica e a terapia médica, aliadas ao desejo sincero do indivíduo de se libertar conscientemente do vício, o que só consegue com penosos esforços e mudanças radicais em seu relacionamento familiar e social.
Reconhecemos ser muito difícil esta luta íntima. Ninguém deverá enfrentá-la sozinho. Além do esforço individual que compete a cada um, o drogado deverá ser tratado tanto física como espiritualmente para poder vencer realmente a dependência, e encaminhado, sempre que possível, aos grupos de apoio onde terá outros companheiros incursos no mesmo problema, buscando as mesmas soluções. Ele não se sentirá abandonado e terá mais chances de vencer.
Procurando direcionar nosso pensamento para as melhores soluções no combate às drogas, o benfeitor espiritual Camillo nos aconselha:
“Nenhum processo de toxicomania está dissociado dos processos das almas enfermas. Espíritos sadios não se deixam embair pelas drogas. E somente o esforço pelo autoconhecimento e a busca do Cristo no cerne da alma, no empenho de higienizar a intimidade, é que predisporão cada ser para a anelada libertação, para os formosos tempos de verdadeira liberdade e integração na Vida Cósmica sem pavores ou inseguranças, com alegria real, no campo de luz que Deus reserva aos que se superam a si mesmos”.
Somente a educação do espírito libertará o homem dos condicionamentos que o perturbam, mostrando-lhe o sentido real da existência terrena em sua transitoriedade e os objetivos redentores a que estamos todos vinculados no processo da evolução moral.
Recordando sempre que somente sofremos e somos infelizes quando lesamos a lei, natural ou divina, busquemos em nossa consciência ética o melhor caminho para a conquista da paz e da felicidade. .
LUCY DIAS RAMOS
Reformador Set.99

RESPOSTA A UM CATÓLICO





Vou explicar-vos as razões porque efetivamente não sou cristão no sentido emprestado erroneamente a esta palavra pela igreja romana.
Para esta seita, ser cristão não é cumprir os preceitos admiráveis do Evangelho; não é imitar, quanto possível, as sublimes lições da vida de Jesus.
Tanto assim que, sendo o Mestre um simples carpinteiro, o papa é rei com todo o cortejo de mundanas grandezas.
Enquanto o Cristo vestia a túnica dos pastores que não tem onde repousar a cabeça, seus pretensos continuadores cobrem-se de ouro e de púrpuras, alardeiam uma pompa de caráter pagão, cercam-se de luxo familiar aos tiranos do tempo de Sermacherib.
O Filho de Maria era humilde e perdoava as ofensas alheias; a igreja católica mostra-se sob um orgulho indomável e amaldiçoa, desde séculos, a quantos se não submetam a seus dessarroados caprichos.
Cristo espalhava, sem remuneração, os benefícios de um amor incomparável; a igreja vende os sacramentos, negocia com a salvação das almas, trafica com o reino dos céus. 
Cristo profligava os erros e o despotismo dos fariseus bafejados pela riqueza da Terra; a igreja rasteja aos pés dos potentados.
No Rabino genial, conjugam-se as perfeições do missionário cumprindo à risca os desígnios da Providência; na igreja proliferam os crimes e os atentados contra a vida e a consciência de nosso semelhante.
A disparidade entre o ensino de Jesus e o dos concílios romanos não precisa de mais exemplos para se impor com a força dos axiomas irrespondíveis.
Cristo, no conceito católico, é o homem escravizado ao culto externo, às regrinhas da disciplina religiosa, às bulas e pastorais ejaculadas, de vez em vez, pelo ralo das autoridades eclesiásticas.
Ouve missa, bate nos peitos, confessa ao padre as suas mazelas espirituais, usa a veste das procissões, torce entre os dedos, maquinalmente, as contas dos rosários e crê no sortilégio dos escapulários.
Vive transido com o horror blasfemo de um Deus vingativo e implacável que tem embaixadores na Terra para a regularização dos negócios celestes. Isto não o impede, entretanto, de alimentar ódios, intolerância, dureza de coração, maledicências venenosas, invejas surdas, ambições insuportáveis e apego aos bens temporais. Não o impede de desejar todo o mal possível ao próximo, de vangloriar-se com o alheio infortúnio, de rogar pragas, atirar esconjuros sobre os que não comungam com os seus ideais.
A piedade, a doçura, a indulgência, a mansidão... São coisas de que não se ocupa absolutamente.
Rezando a sua ‘salve rainha’ e pondo uma vela a arder em face do oratório bento, dá-se por satisfeito, repousa a consciência no cumprimento dessas puerilidades.
De tempos em tempos, a penitência dos confessionários, com a deglutição complementar da hóstia, lavam-lhe os pecados velhos. Julga-se, então, apto para subir entre serafins tangendo liras vaporosas aos esplendores da felicidade eterna.
Mas, como a morte parece-lhe longe, torna a pecar e copiosamente, fiado no perdão já tantas vezes concedido às suas faltas anteriores.
Entre a prática do bem, das virtudes humildes e o abster-se de carne às sextas-feiras, ele prefere este “último sacrifício”. É mais cômodo, mais ortodoxo e produz resultados extraordinários.
Pode-se realizá-lo conservando o orgulho, o egoísmo, a vaidade, os rancores rubros que geram as explosões de criminalidade.

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Agora, vede o que é ser cristão segundo o espiritismo:
É ter gravado no recesso de nosso entendimento as passagens maravilhosas do Evangelho a fim de evitá-las nos casos concretos da existência humana. O espírita não bate nos peitos soturnamente, mas ama a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Não veste opa (capa sem mangas, mas com aberturas para enfiar os braços) nem se ajoelha ante imagens talhadas no mármore ou fundidas no bronze; adora o ser sensível com as efusões de sua alma extasiada com as magnificências da criação universal. 
Para chegar no céu, dispensa o caminho dos confessionários e considera muito mais benéficos o perdão das injúrias, o amor à justiça, a piedade para todas as fraquezas, a doçura e o amparo para todos os infortúnios.
Faz-se menor entre os menores, combate a iniquidade, difunde a instrução, protege ao órfão, enxuga as lágrimas da viuvez desconsolada.
Não incensa aos orgulhosos cercados de grandezas e de glórias efêmeras, lastima-os.
Põe seus cuidados na vida futura, encara a dor como instrumento de progresso, resigna-se às opressoras contingências do planeta, porque a sua verdadeira pátria está além, no seio augusto da Misericórdia Suprema.
As suas paixões guerreia sem cessar. E só se empenha tenazmente em conseguir moldar seu caráter nas linhas puras traçadas por Jesus para a edificação de todas as gerações.


Vianna de Carvalho
Reformador (FEB) 1.6.1918

Antes de Crer é preciso Compreender


Ser espírita é uma questão de livre opção, por isso, estão equivocados aqueles que pensam que estamos atrás de adeptos. Aliás, Allan Kardec afirmou que para ser espírita, antes de crer, é preciso compreender. Compreender o quê? O que é o Espiritismo, do que se ocupa, qual a sua finalidade.

Através do estudo da Doutrina Espírita, que está contida essencialmente na obra Kardequiana, O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese, Obras Póstumas, O Que é o Espiritismo e outros opúsculos, aprendemos que a Doutrina Espírita trata essencialmente de:

a. Existência de Deus como Pai soberanamente justo e bom, inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.

b. Existência e imortalidade da alma e seu destino. Trata, também, da sua preexistência.

c. Comunicabilidade entre vivos e mortos, ou numa linguagem espírita, encarnados e desencarnados, através da mediunidade, ponte feita com um material que se chama amor, por onde transitam nossos amados que viajaram antes, ou aqueles que nos odeiam, para exercer perseguições.

d. A reencarnação, que é sempre progressiva e na humanidade. A finalidade da reencarnação não é a de quitar erros do passado, e sim, a de levar o espírito a perfeição, destinação superior que lhe foi dada pelo criador.

O Espiritismo é cristão, e a sua moral é a evangélica, porque é a melhor que existe. Entretanto é preciso compreender que ele está acima dos dogmas, e aberto a todas as filosofias e religiões, porque Jesus de Nazaré não pertence a uma seita ou a um povo, é um missionário sem pátria, sem sectarismo.
O objetivo essencial do Espiritismo é o de melhorar o homem moral e intelectualmente, para que o homem melhore o mundo. Embora o Espiritismo ensine ao homem que a sua verdadeira pátria é a espiritual, ele não se preocupa em levar o homem para o céu, e sim, fazer da Terra um mundo melhor, de paz, harmonia, justiça.
Viver com dignidade é uma das nossas lutas, e para viver com dignidade o homem deve ter o suficiente, como uma casa onde construa um lar. É preciso ter alimentos, roupas, escola em todos os níveis, assistência médica e dentária, emprego, lazer.
Aprendemos, ainda, com o Espiritismo, que a prece é um ato de adoração a Deus. Ela não muda as leis do universo, mas dá forças, coragem, ânimo e fé. Através da prece ligamo-nos com Deus, e criamos um ambiente de fraternidade e de união com os nossos entes queridos desencarnados.

Queremos deixar bem claro que o Espiritismo não admite a mediunidade profissional. Daí de graça o que de graça recebeste, é o lema orientador do Espiritismo, pois ninguém pode arbitrar um preço ao trabalho dos espíritos, e nem obrigá-los a se manifestarem.
Está aí, em linhas gerais, que precisam ser aprofundadas, as finalidades do Espiritismo.


Reiteramos nossa argumentação de abertura: O Espiritismo aconselha que, antes de crer, é preciso compreender.