sexta-feira, 27 de abril de 2012
VII SEMANA ESPÍRITA DE ARACATI
Palestra realizada no segundo dia da VII SEMANA ESPÍRITA DE ARACATI, proferida pelo palestrante Expedito Junior ,da cidade de Russas tendo, como tema : "A influência do Espíritos em nossas vidas."
DEUS MORRE QUANDO OS HOMENS SE APEGAM À LETRA QUE MATA
Revistas
inglesas, norte americanas, alemãs e francesas vêm há meses anunciando a morte
de Deus. Uma revista brasileira aproveitou o assunto e os dados das revistas
estrangeiras. Não há nenhuma novidade no assunto, que outras publicações do
mundo inteiro vão repetindo. Nem se trata de campanha contra a idéia de Deus,
como pretendem alguns religiosos de vistas curtas.
Simples questão de interesse jornalístico. Mas a verdade é
que tudo começou com os teólogos, os doutores da ciência de Deus, que já não
sabem mais o que fazer com essa ciência.
A existência de ateus e a propagação do ateísmo não são
novidades. Os ateus já dominam politicamente mais da metade do mundo.
Ideologicamente representam a maioria das pessoas cultas.
Para todos eles, Deus já morreu há muito tempo. As igrejas são importantes para
devolver-lhes a fé. Esse o motivo do desespero dos teólogos, que chegam à
conclusão de que Deus está morrendo e é necessário salvá-lo.
Mas é preciso não confundir Deus com a concepção
antropomórfica de Deus. O que está morrendo, e ninguém jamais conseguirá
reabilitá-la, é essa concepção, oferecida ingenuamente pelos pregadores
bíblicos a um mundo que não vive mais a fase agrária da civilização judaica
antiga.
Os fanáticos da Bíblia não podem evitar a morte de Deus.
Quanto mais falarem e escreverem sobre Deus, mais o afastarão do espírito
arejado dos homens modernos. Porque a idéia de um Deus semelhante ao homem só
podia servir para criaturas ingênuas, numa fase primária da evolução humana.
Enquanto os teólogos, os pregadores, os religiosos em geral, não se convencerem
de que as Escrituras Sagradas não são tabus e devem ser estudadas no seu
espírito, sem apego à letra, nada poderão fazer contra o ateísmo.
A concepção bíblica de Deus é alegórica, como já afirmamos
numerosas vezes. O Livro dos Espíritos ensina isso desde as suas primeiras
páginas. A própria Bíblia proíbe que façamos imagens de Deus, pois essas
imagens são perecíveis. Quando elas morrem, Deus pode morrer na alma desolada
dos crentes. Se quisermos evitar a morte de Deus na consciência humana,
evitemos o literalismo bíblico e a idolatria. Uma imagem mental de Deus é
também um ídolo perecível, e quem a cultua não é menos idólatra que os
adoradores de imagens materiais. A concepção espírita de Deus está acima dessas
controvérsias teológicas. O Deus espírita não é um ídolo, mas aquela realidade
que, como dizia Descartes, está na consciência do homem como a marca do artista
na sua obra.
Herculano Pires
VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
DILÚVIO: CATÁSTROFE PARCIAL ADAPTADA A UMA ANTIGA LENDA
A lenda do dilúvio, que encontramos em Gênesis: VII e VIII são uma dessas passagens bíblicas que só podem ser tomadas ao pé da letra pelo FANATISMO e a IGNORÂNCIA. Pouco importa que durante séculos as religiões cristãs, com seus doutores e sacerdotes, tenham sustentado a realidade literal dessa lenda. A verdade histórica é apenas esta: a lenda do dilúvio corresponde a um dos arquétipos mentais atualmente estudados pela psicologia profunda. Os estudos de Karl Jung a respeito são bastante esclarecedores. Mas o arquétipo coletivo, que corresponde no plano social aos complexos psicanalíticos do plano individual, não é uma abstração.
Pelo
contrário, é uma realidade psíquica enraizada nos fatos concretos. O dilúvio
bíblico, por isso mesmo, tem duas faces: uma é a realidade histórica, a
ocorrência real da catástrofe; outra é a interpretação alegórica, enraizada no
arquétipo coletivo e que o texto sagrado nos oferece.
O Livro dos
Espíritos explica o problema do dilúvio através dessas duas faces, a real e a
lendária. É o que vemos nos seu item 59, nas "Considerações e
Concordâncias Bíblicas referentes à Criação", que se podem resumir nestas
palavras: "O dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial, que se tomou pelo
cataclismo geológico". Aliás, essa afirmação de Kardec foi posteriormente
confirmada pelas investigações científicas. O arqueólogo inglês sir Charles
Leonardo Woolley descobriu ao norte de Basora, próximo ao Golfo Pérsico, ao
dirigir escavações para a descoberta dos restos da cidade de Ur, as camadas de
lama do dilúvio mencionado na Bíblia.
Pesquisas
posteriores completaram a descoberta. O dilúvio parcial do delta dos rios Tigre
e Eufrates é hoje uma realidade atestada pela Ciência. Foi esse dilúvio, ou
seja, essa inundação parcial, que serviu de motivo histórico para a lenda
bíblica.
Como acentua
Kardec, nada perdeu com isso a Bíblia, nem a Religião. Mas ambas são diminuídas
quando o fanatismo insiste em defender um absurdo, quando teima em dizer que
Deus afogou o mundo nas águas de uma chuva de quarenta dias e fez Noé
salvar-se, com a própria família e as privilegiadas famílias dos animais de
cada espécie existente, para que a vida pudesse continuar na Terra. Sustentar
como realidade histórica a figuração ingênua de uma lenda, conferindo-lhe ainda
autoridade divina, é ridicularizar o sentimento religioso e minar as bases da
concepção espiritual do mundo. Foi esse processo infeliz de ridicularização que
levou o nosso tempo ao materialismo e à descrença que hoje o dominam.
Que diriam
os fanáticos da "palavra de Deus" ao saberem que o dilúvio bíblico
tem por antecessores o dilúvio babilônico de Gilgamesch, historicamente chamado
de "o Noé babilônico", e o dilúvio grego de Deucalião? O Espiritismo
esclarece esse problema, mostrando que o "arquétipo coletivo" de
dilúvio é responsável pelo seu aparecimento em diversos capítulos da História
das Religiões, e até mesmo na pré-história, entre os povos selvagens. É esse um
dos pontos mais curiosos da psicologia das Religiões.
J. Herculano Pires
Visão Espírita da bíblia
CAIM FUNDOU UMA CIDADE SEM TER QUEM HABITÁ-LA!
Com quem se casou Caim, ao retirar-se para a terra do Node? Se Adão e Eva eram as primeiras criaturas humanas. Caim era a terceira. Não haveria mais gente em toda a Terra. Mas a Bíblia nos conta o seguinte: "E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho". (Gênesis, IV: 17). Não há explicação teológica que possa resolver as contradições do texto. É evidente que Caim não era a terceira criatura da Terra, mas apenas o primeiro descendente de uma nova raça, que surgia num mundo já povoado e evoluído.
A mulher de Caim era de outra raça, do povo que habitava a
terra de Node. Os costumes da época ressaltam de todo o texto. Ao construir uma
cidade, Caim lhe deu o nome do filho, homenagem comum nos tempos antigos e
ainda hoje comum entre os pioneiros de zonas novas. E com
Pensaria em fazê-lo apenas com a sua geração? Claro que isso
seria absurdo. Era o povo de Node que teria de habitar a cidade de Caim.
O fato mesmo de Caim ser pastor e Abel lavrador já nos mostra
que Adão e Eva viviam numa civilização constituída. Se já havia profissões,
divisão do trabalho, especialização da produção e até mesmo fundação de
cidades, é evidente que o mundo não estava começando, mas já havia começado há
muito tempo. Não se pode ajeitar as coisas, diante destes dados do texto. O que
se pode e deve fazer é interpretar o texto, desvendar-lhe o sentido,
decifrar-lhe o símbolo como o fez Kardec.
A raça adâmica era uma nova raça que surgia na Terra,
proveniente de migrações espirituais. Sua missão era auxiliar o desenvolvimento
do planeta, ajudar os seus habitantes primitivos a se elevarem espiritualmente.
Não surgia milagrosamente, mas de forma natural, por
descendência biológica de outras raças mais aperfeiçoadas. Entretanto, como era
necessário preservar a condição evolutiva dessa raça, a fim de que ela não se
perdesse na animalidade terrena, a Bíblia usou o mito da criação direta de Adão
e Eva por Deus.
A descendência de Caim e a genealogia do povo hebreu, que vêm
nos versículos seguintes da Bíblia, desse mesmo capítulo IV: 1726, e do
capítulo V: l 32, provam precisamente o que acabamos de acentuar. Os casamentos
ali referidos não podem ser explicados sem a existência de outros povos, na
Terra, como não se pode admitir que a corrupção do gênero humano tenha ocorrido
na descendência de Adão. Insistir na aceitação literal dessas coisas, a
pretexto de que a Bíblia é "a palavra de Deus", só serve para
desmoralizar a Bíblia e a própria religião. Já é tempo das criaturas pensantes
examinarem problemas tão sérios com maior seriedade.
J. Herculano Pires
Visão Espírita da Bíblia
Atenção!!! Hoje no Lar Espírita José de Anchieta - E.S.E. Cap. XVII – Item 8 - A Virtude
FRANÇOIS-NICOLAS-MADELEINE
- Paris, 1863
8 –
A virtude, no seu grau mais elevado, abrange o conjunto de todas as qualidades
essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caridoso, trabalhador,
sóbrio, modesto, são as qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, são quase sempre
acompanhadas de pequenas falhas morais, que as deslustram e enfraquecem. Aquele
que faz alarde de sua virtude não é virtuoso, pois lhe falta a principal
qualidade: a modéstia, e sobra-lhe o vício mais oposto: o orgulho. A
virtude realmente digna desse nome não gosta de exibir-se. Temos de
adivinhá-la, mas ela se esconde na sombra, foge à admiração das multidões. São
Vicente de Paulo era virtuoso. O digno Cura de Ars era virtuoso. E assim muitos
outros, pouco conhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens
de bem ignoravam que eram virtuosos. Deixavam-se levar pela corrente das suas
santas inspirações, e praticavam o bem com absoluto desinteresse completo
esquecimento de si mesmos.
É
para essa virtude, assim compreendida e praticada, que eu vos convido, meus
filhos. Para essa virtude realmente cristã e verdadeiramente espírita, que eu
vos convido a consagrar-vos. Mas afastai de vossos corações o sentimento do
orgulho, da vaidade, do amor próprio, que deslustram sempre as mais belas
qualidades. Não imiteis esse homem que se apresenta como modelo e se gaba das
próprias qualidades, para todos os ouvidos tolerantes. Essa virtude de
ostentação esconde, quase sempre, uma infinidade de pequenas torpezas e odiosas
fraquezas.
O
homem que se exalta a si mesmo, que eleva estátuas à sua própria virtude, em
princípio aniquila, por essa única razão, todos os méritos que efetivamente
podia ter. E que direi daquele cujo valor se reduz a parecer o que não é?
Compreendo perfeitamente que aquele que faz o bem sente uma satisfação íntima,
no fundo do coração. Mas desde o momento em que essa satisfação se exterioriza,
para provocar elogios, degenera em amor- próprio.
Oh,
vós todos, a quem a fé espírita reanimou os seus raios, e que sabeis quanto o
homem se encontra longe da perfeição, jamais vos entregueis a essa estultícia!
A virtude é uma graça, que desejo para todos os espíritas sinceros, mas com
esta advertência: Mais vale menos virtude na modéstia, do que muitas no
orgulho. Foi pelo orgulho que as humanidades se perderam sucessivamente. É pela
humildade que elas um dia deverão redimir-se.
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