Revistas
inglesas, norte americanas, alemãs e francesas vêm há meses anunciando a morte
de Deus. Uma revista brasileira aproveitou o assunto e os dados das revistas
estrangeiras. Não há nenhuma novidade no assunto, que outras publicações do
mundo inteiro vão repetindo. Nem se trata de campanha contra a idéia de Deus,
como pretendem alguns religiosos de vistas curtas.
Simples questão de interesse jornalístico. Mas a verdade é
que tudo começou com os teólogos, os doutores da ciência de Deus, que já não
sabem mais o que fazer com essa ciência.
A existência de ateus e a propagação do ateísmo não são
novidades. Os ateus já dominam politicamente mais da metade do mundo.
Ideologicamente representam a maioria das pessoas cultas.
Para todos eles, Deus já morreu há muito tempo. As igrejas são importantes para
devolver-lhes a fé. Esse o motivo do desespero dos teólogos, que chegam à
conclusão de que Deus está morrendo e é necessário salvá-lo.
Mas é preciso não confundir Deus com a concepção
antropomórfica de Deus. O que está morrendo, e ninguém jamais conseguirá
reabilitá-la, é essa concepção, oferecida ingenuamente pelos pregadores
bíblicos a um mundo que não vive mais a fase agrária da civilização judaica
antiga.
Os fanáticos da Bíblia não podem evitar a morte de Deus.
Quanto mais falarem e escreverem sobre Deus, mais o afastarão do espírito
arejado dos homens modernos. Porque a idéia de um Deus semelhante ao homem só
podia servir para criaturas ingênuas, numa fase primária da evolução humana.
Enquanto os teólogos, os pregadores, os religiosos em geral, não se convencerem
de que as Escrituras Sagradas não são tabus e devem ser estudadas no seu
espírito, sem apego à letra, nada poderão fazer contra o ateísmo.
A concepção bíblica de Deus é alegórica, como já afirmamos
numerosas vezes. O Livro dos Espíritos ensina isso desde as suas primeiras
páginas. A própria Bíblia proíbe que façamos imagens de Deus, pois essas
imagens são perecíveis. Quando elas morrem, Deus pode morrer na alma desolada
dos crentes. Se quisermos evitar a morte de Deus na consciência humana,
evitemos o literalismo bíblico e a idolatria. Uma imagem mental de Deus é
também um ídolo perecível, e quem a cultua não é menos idólatra que os
adoradores de imagens materiais. A concepção espírita de Deus está acima dessas
controvérsias teológicas. O Deus espírita não é um ídolo, mas aquela realidade
que, como dizia Descartes, está na consciência do homem como a marca do artista
na sua obra.
Herculano Pires
VISÃO ESPÍRITA DA BÍBLIA
O Mestre Herculano Pires é fantástico...
ResponderExcluirUm ótimo livro do Mestre José Herculano Pires e um ótimo comentário sobre a visão estereotipada de uma mensagem salvatoriana.
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