quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pomada Vovô Pedro e sua história


A Pomada Vovô Pedro é uma pomada de uso tópico originalmente distribuída por entidades espíritas do estado brasileiro de Minas Gerais, a título de assistência espiritual.
A sua fórmula foi recebida por meio da psicografia do médium João Nunes Maia em 1972, por uma entidade espiritual que, na ocasião, se identificou apenas como "Vovô Pedro". De acordo com a história, a entidade espiritual deixou uma importante observação: "O preço desse medicamento deverá ser um, apenas um: DEUS LHE PAGUE"[1]. Quinze anos mais tarde, durante uma visita ocasional à Biblioteca Pública de São Paulo, ao folhear uma enciclopédia, o médium identificou na figura de Franz Anton Mesmer, cientista que viveu no século XVIII e que estudou o magnetismo animal, o espírito que lhe transmitira a fórmula.
A fórmula é baseada em extratos de erva-de-bicho ("Polygonum punctatum"), ipê-roxo ("Tecoma araliacea"), calêndula ("Calendula officinalis"), tuia ("Thuya occidentalis"), própolis, tintura decondurango ("Gonobulus condurango"), empregando vaselina e lanolina como veículo.[2][3].
Chico Xavier, a partir da década de 1980, foi um dos divulgadores da pomada, que a população emprega genéricamente em casos de dermatites, úlceras, dores musculares, contusões, entre outras.

Referências:
2.     Pomada Vovô Pedro é tema de conclusão de cursosite O Consolador, Revista Semanal de Divulgação Espírita


Portal do Espírito

Como surgiu a Pomada Vovô Pedro
Da Redação do Correio Fraterno do ABC
Publicamos na edição passada um resumo da história que envolve a Pomada Vovô Pedro, e o jornal "Sementes de Luz" teve a gentileza de nos presentear, agora, com um folheto que traz a história completa, em cuja página de rosto traz uma foto impactante que vamos usá-la, com a devida vênia, para ilustrar essa contextualização:
O Centro Espírita Campos Vergal da Colônia de Hansenianos Santa Izabel, em Betim, na Grande BH, regurgitava de internos. Seu Diretor, o "Pipoca", como todos o chamavam, extraordinário Espírito, espírita, não cabia em si de contentamento. Afinal, não se tinha notícia do lançamento de um livro em uma colônia de hansenianos, muito menos no Centro Espírita de uma delas.
À frente, sucediam-se os oradores, ressaltando a importância do fato. À mesa, ao lado do Pipoca, de cenho fechado, o médium João Nunes Maia e uma pilha do livro "Além do Ódio", um romance que lhe fora ditado pelo Espírito Sinhozinho Cardoso, cujo enredo se baseia em episódio da época da escravatura.
Nunes Maia ali estava a pedido do Espírito Niquinha, personagem do romance que, na trama, desencarna ali em virtude do mal de Hansen e que lhe pediu que fizesse o lançamento ali, por ocasião de um desdobramento do médium. João Nunes Maia estava visivelmente preocupado. Dois eram os motivos de sua preocupação. O primeiro porque jamais teria coragem de cobrar os 105 livros que levara para o lançamento, o segundo era que estava precisando do dinheiro para pagar a edição e providenciar a edição de outros livros que "reclamavam" divulgação, já prontos para entrar no prelo. Além disso, via à sua frente mais de quatrocentos irmãos hansenianos. Como resolver esse problema se levara apenas 105 livros?
Pipoca, certamente acionado por algum amigo espiritual, falou-lhe ao ouvido. Não se preocupe! Conheço todos que aqui estão. Dê apenas um livro a cada família! Que alívio. Foi como se uma aragem fresca inundasse os pulmões do médium "Como não pensei nisto?" Voltou-se, emocionado, para o Pipoca, e apertou-lhe significativamente o braço esquálido e já macerado pela insidiosa enfermidade, que contudo, recebera a manifestação de carinho como benção do Mais Alto.
Finda a reunião Pipoca informou aos presentes o sistema a ser adotado para a doação e o autógrafo nos livros. Organizasse a fila, o médium subscreve dedicatória. A pilha de livros vai baixando... Nunes enruga de novo a testa. Mas, oh "Bondade Divina", ao subscrever o último volume que levara a fila já não existia. A matemática do Alto funcionou, levara 105 volumes do seu romance "Além do Ódio" e 105 eram as famílias que estavam presentes no evento.
Pipoca sorria ao seu lado: o belo sorriso dos justos, dos bons. Nunes enlaçou-o num abraço cheio de vibrações, que, também, envolvia os demais, seus olhos, mesmo inundados de lágrimas, visualizaram o Espírito Niquinha, envolto em luz etérea, a sorrir-lhe agradecida.
Parecia que, com o episódio da doação dos livros, a cota de emoção espiritual do dia estava esgotada. Ledo engano.
No palco do Centro Espírita Campos Vergal, conversavam animados Nunes Maia, Pipoca e outros confrades prestes a despedir-se também.
Ao volver o olhar para o salão, João Nunes Mais registrou indescritível espetáculo espiritual. Pelos lados do auditório do Centro Espírita, à direita e à esquerda, adentravam Espíritos de escravos, envergando roupas próprias da época da escravatura, época essa tão bem descrita no livro que acabara de doar. Pelo centro do salão vinham adentrando Sinhozinho Cardoso, autor do livro, Niquinha e outros personagens da Obra, que seguiam o Espírito Miramez, que se postava à frente, ladeado por um outro Espírito, que não era do conhecimento do médium. O desconhecido trajava um casaco comprido e sua postura denotava grande elegância e envergadura moral. Novamente, o salão do "Campos Vergal" estava lotado, agora, porém, por desencarnados. Enquanto todos procuravam um lugar para sentar, Miramez e o Espírito de casaco longo se aproximaram de Nunes Maia e o desconhecido disse:
- Aqui estou para desincumbir-me de compromisso secular com Jesus, o Cristo, e com Deus, Nosso Pai Maior. Peço-lhe que anote uma receita que vou ditar-lhe e que irá aliviar ou mesmo eliminar os males de tantos e tantos - como este, indicando o Pipoca e outros internos da "Santa Izabel" e de um sem número de outras enfermidades, principalmente da pele.
Nunes Maia, um tanto aturdido, recolhe do chão uma folha de papel, que havia servido para embrulhar um pacote do livro "Além do Ódio" e a um canto se põe a anotar, emocionado, os ingredientes da receita. Ao fim do ditado, aguarda a identificação do Espírito, de tão elevada envergadura, quando da assinatura da receita. Com uma fisionomia insondável conquanto alegre, ele diz, simplesmente, Vovô Pedro.
Ante a surpresa estampada no rosto do médium, o Espírito aduz:
- É preferível que as coisas simples tenham nomes simples. Uma observação, porém; o preço deste medicamento deverá ser um e apenas um - "Deus LHE PAGUE".
Cumprimentando-o à maneira da época de sua última encarnação, o Espírito, nimbado de luz, despede-se e se volta para retirar-se. Miramez dirige ao médium significativo olhar e lentamente, todos os Espíritos se retiram do salão, logo após.
Com o precioso papel na mão, novamente envolto em elevadas vibrações, Nunes Maia se aproxima do grupo em animada conversa. Antes, porém, rebusca a memória, procurando a identidade daquele Espírito tão agradável quanto elevado. Lembra-se, finalmente: "Mesmer!" Aquele Espírito era Mesmer, o extraordinário advogado, teólogo, doutor em Filosofia e Medicina que assombrara o mundo com as curas através do que chamou "magnetismo animal", ao fim do século XVIII. Era Mesmer que, também, está citado no livro "Além do Ódio" e que encontrou naquele abençoado dia a vibração propícia para ditar-lhe a receita da hoje afamada "Pomada do Vovô Pedro", que tanto bem vem semeando no Brasil e além fronteira pelo preço combinado: "Deus Lhe Pague".
(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 368 de Setembro de 2001)

Oração da Cura - Fraternidade Dr. Adolfo Bezerra de Menezes

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Onde está escrita a Lei de Deus? -Resposta: na consciência


         

Em princípio, esta resposta não faz sentido quando observamos a trajetória marcada pela violência que a evolução humana grafou nas páginas da sua história. O bramido das guerras e o gemido dos pobres, que sofrem sob o tacão das elites, denotam o aparente despropósito desta resposta, que, oferecida pelos espíritos, ainda não despertou a devida atenção dos estudiosos da Doutrina.

De que nos tem servido a providência dessa Lei, - nas consciências - se não impede que o mal se propague e se torne, sempre, tão perturbador?

Tentando explicar tal resposta, supõem alguns que esta Lei ainda tornar-se-á conhecida e atuante quando houver o despertar da consciência humana, em consonância com a vontade do Eterno Pai que então nos conduzirá por um caminho de glória e beleza sem precedentes, em contínua evolução até as paragens celestiais.

Ainda aqui se percebe que a Lei em nada contribui para amainar as paixões e vícios humanos, pois somente quando seu espírito se santificar poderá ela ser ouvida e acatada.
Enquanto isso não acontece, o crime campeia solto e sedutor.

Um estudo mais atento das obras espíritas nos mostrará que essa Lei de Deus a que se refere a questão 621 do “Livro dos Espíritos”, não é um conjunto de preceitos morais com o objetivo de conduzir o homem, da violenta selvageria à harmonia da civilização. Na verdade, a Lei, a se expressar através de mecanismos automatizados e justos, que pune os criminosos e educa os ignorantes, está inscrita de forma indelével nas estruturas sutis do perispírito, as quais registram minuciosamente todos os desvios conscientes da criatura em relação à sentença lapidar de Jesus: ” amarás o teu próximo como a ti mesmo”. 

Assim, desde que os profetas da antiguidade e os filósofos humanistas abraçaram a tarefa de ensinar aos homens o caminho da justiça e do respeito ao semelhante, a Divina Lei passa a vigorar na intimidade de cada qual. Na obra “Nosso Lar”, o instrutor espiritual André Luiz comenta que muitas criaturas, mesmo gozando de um corpo físico perfeito, ao desencarnarem alcançam o mundo espiritual com graves lesões ou mutilações, como sejam, as cavidades orbitais vazias, ou ainda, sem as pernas ou os braços.

A prática consciente do mal tem ação demarcada em determinados centros de força responsáveis pela manutenção e a funcionalidade daqueles órgãos ou membros. Ora, vemos claramente a atuação de mecanismos que impõem automaticamente a pena ao malfeitor, independente de qualquer julgamento pelos tribunais do plano astral. No momento do ato criminoso, os ditames da Lei impressionam fortemente as delicadas estruturas conscienciais, imprimindo ali vibrações em desequilíbrio, que demandam o corretivo específico, em função do centro de força lesionado, sendo que este corretivo poderá ocorrer desde a presente encarnação ou nas que se seguirão. 

Concluindo, diríamos que a Lei de Deus está, de fato, escrita na consciência, pois ali se encontram os artigos acusadores da Lei, como também os mecanismos da Justiça, os quais estarão acordes com as palavras de Jesus: “e daí não sairás até que tenhas pago o último ceitil”.  


José Arthur de Oliveira


                                                                                      PAZ, MUITA PAZ!

Disponível em: http://www.forumespirita.net/fe/accao-do-dia/onde-esta-escrita-a-lei-de-deus/#ixzz24ndRkdBr

Como interpretar: O acaso não existe.




Eu ouço muitas vezes a expressão "o acaso não existe", nos meios espíritas, incluindo este fórum.

Na minha perspectiva, uma vez que os espíritas acreditam que Deus é a causa primeira de todas as coisas, portanto das leis da natureza, eliminam de imediato a possibilidade de acaso. Na verdade, o livre-arbitrio do homem está limitado pelas leis da natureza, e nenhuma decisão que este tome podem violar essas leis, permanentes e universais.
Não há acaso porque o universo é organizado, não é um caos. 

A superstição convida-nos a tentar "convencer" Deus a violar as leis da natureza, a nosso favor, mas o principio da imparcialidade de Deus, diz-nos que isso não é possível. Para Deus todos somos igualmente importantes. Qualquer favor seria uma preferência.

A acção de Deus nós não conhecemos, porque não o podemos compreender, uma vez que não temos capacidade para isso, face ao nosso limitado grau de evolução intelectual, limitação essa ainda aumentada pelo facto de estarmos na carne. Mas sabemos que Deus não elimina o sofrimento físico da Terra, porque se Ele é todo poderoso e imparcial, não havia sofrimento físico na Terra.

Se existem curas espirituais, elas estão previstas nas leis da natureza, e não são excepções à mesma. Pessoalmente tenho sempre grandes dúvidas sobre a credibilidade das curas, pois é uma área que gera muito interesse nas pessoas e que muito facilmente se pode transformar em grande negócio.

Os grandes negócios trazem sempre a tentação da fraude, por parte do curador ou dos que o envolvem. Logo deixo as provas das curas para a ciência. Como espirita, não digo que é possível nem que não é impossível, mas explico sempre a quem me questiona que é uma área pelas quais não ponho as minhas mãos no fogo, de forma nenhuma, porque tudo pode acontecer. E só por as pessoas se dizerem espíritas, nada nos diz que se comportam como tal, ou seja, de forma honesta. 

Os bons espíritos, servidores de Deus, segundo a codificação, de  Allan Kardec, também não nos isentam de sofrimentos físicos. Os esforços deles são no sentido de nos estimular a coragem, a paciência e a resignação. 

Mas nos meios espíritas, muita gente entende que a dureza da vida no planeta Terra, a todos os níveis, e as interferências nocivas dos maus espíritos não chegam. É preciso que os bons espíritos, ao serviço de Deus, garantam que nos chega o sofrimento necessário. É preciso trazer as doenças programadas no perispirito, pois as doenças genéticas e as que apanhamos por outras razões não chegam.

Para mim, a única intervenção dos bons espíritos é na escolha do nosso corpo, se é que isso não é um processo automático. E as doenças, ou são genéticas, ou são contraídas segundo as causas que a ciência vai descobrindo.

Isto porque os animais têm tal qual o mesmo tipo de doenças, não se lhe podendo imputar responsabilidades. É absurdo pensar que as causas das doenças nos animais são diferentes das causas das doenças nos homens, a não ser em algumas doenças mentais. Mas mesmo aí é duvidoso. A depressão, por exemplo, é um estado de desamparo e os animais também podem entrar num estado de desamparo, que pode ser induzido em laboratório. Os medicamentos são todos testados em animais.

A nossa sorte não fica ao acaso, mas é determinada pelo corpo que encarnamos. O local e o meio onde nascemos vai condicionar toda a nossa vida. As doenças que contraímos devem-se à nossa exposição ambiental, aos nossos comportamentos e à hereditariedade. Não ás vidas anteriores. 

A diferença entre as pessoas, no que se refere à doença física, é a forma como lhe reagem (com revolta ou com paciência e resignação). Mas todos estão sujeitos à mesma, de acordo com as mesmas leis biológicas.

A ação dos bons espíritos, no sentido de nos escolher doenças, seria equivalente à acção de guardas prisionais que dessem pancada aos presos para lhes agravar a pena. Quem faz isso não são os guardas, se são pessoas bem formadas, são os outros presos. A cadeia é o castigo, bem como a vida numa planeta de provas e expiações é o castigo.

Então, se Deus permite o sofrimento físico, não nos dispensando dele, porque pode ser um remédio doloroso, não posso acreditar que as suas leis e os bons espíritos o fomentem, para garantir que as suas criaturas sofram mais do que as condições de vida precárias do planeta impõem.  E muito menos que façam isso aos animais.

Por essa razão, considero que as ideias de que os nossos perispiritos que vêm carregados de doenças, bem como a intervenção dos espíritos para levar o ovo a ser aquele que é necessário, não fazem sentido. São supersticiosas e contradizem a ciência. Há relações causa-efeito estabelecidas pelo método cientifico experimental. Para contrariar a ideia de que essas são erradas ou incompletas, é necessário encontrar evidências cientificas e provar isso cientificamente. Caso contrário estamos a dizer ás pessoas que a medicina pode não funcionar, o que pode empurrar as pessoas para curandeiros, ou para desistirem dos tratamentos médicos. Isso sim, pode ser uma falta grave, por parte de quem diz tal coisa. Esta conversa também retira a credibilidade ao espiritismo, nos meios científicos.

Bem hajam


Interpretar corretamente a Bíblia é importante?




JESUS!

Bom tarde! Queridos irmãos.

                 Interpretar corretamente a Bíblia é importante?

Parte 1
Introdução 
A pergunta que dá título a este texto é uma questão que vem tomando os meios espíritas e este artigo visa a mostrar que não existe motivo para perdemos tempo com isso.
Antes de apresentar as razões, vamos conceituar como será usada a palavra Deus neste artigo.
Deus, com "D" maiúsculo para significar Inteligência Suprema do Universo, causa primária de todas as coisas.
Deus, com "d" minúsculo para significar, mentor, guia ou santo etc., ou seja, um Espírito. 
No primeiro mandamento do Decálogo recebido por Moisés está escrito:
"Eu sou o senhor, vosso deus, que vos tirei do Egito, da casa da servidão. Não tereis, diante de mim, outros deuses estrangeiros. Não fareis imagem esculpida, nem figura alguma do que está em cima do céu, nem embaixo na Terra, nem do que quer que esteja nas águas sob a terra. Não os adorareis e não lhes prestareis culto soberano, porque eu, o senhor vosso deus, sou deus zeloso, que puno a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta gerações daqueles que me aborrecem, e uso de misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos".
O próprio deus de Moisés diz explicitamente que existem outros deuses. 
Como o Velho Testamento se incorporou ao Cristianismo 
Não se tem notícia de Jesus fazendo referência às leis contidas nos cinco livros de Moisés:  Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Estes livros são a base do Velho Testamento.
Há várias passagens no Evangelho em que os doutores da lei (sacerdotes) tentam, sem sucesso, fazer Jesus contradizer estas leis.
Também sabemos que Jesus foi preso, flagelado e crucificado por ação desses mesmos doutores da lei. Eles temiam perder seus privilégios de serem os representantes do deus de Israel.
A pergunta é: Como esses cinco livros vieram e permearam o Cristianismo, sendo que para algumas religiões cristãs são eles considerados mais importantes do que os ensinamentos de Jesus?
Resposta: Tais livros foram incorporados ao Cristianismo, dando origem ao Catolicismo, por influência de Santo Agostinho, incentivado por santo Ambrósio, bispo de Milão, no século V. O argumento utilizado foi: "Para pregar o novo Evangelho, é indispensável conhecer a fundo as Escrituras, que só podem ser bem interpretadas através da fé, pois apenas esta sabe ver ali a revelação de verdades divinas".
Nascia aí a fé não raciocinada. 
Interpretando alguns trechos do Velho Testamento 
Os mencionados livros ensinam um culto a um deus pessoal que quer ser venerado em troca de não castigar e ainda ser "fiel" ao crente, ajudando-o com milagres a resolver casos amorosos, curar doenças e ainda dirimir problemas financeiros.
Em alguns trechos dos cinco livros não há interpretação que os conserte. 
Vejamos:
Deuteronômio, cap. 20, v. 10 a 16: 
- Quando te aproximares para combater uma cidade, oferecer-lhe-ás primeiramente a paz. 
- Se ela concordar e te abrir as portas, toda a população te pagará tributo e te servirá. 
- Se ela te recusar a paz e começar a guerra contra ti, tu a cercarás, e quando o senhor, teu deus, te houver entregado nas mãos, passará a fio de espada todos os varões que nela houver. 
- Só tomarás para ti as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que se encontrar na cidade, e comerás os despojos dos teus inimigos que o senhor, teu deus, te tiver dado. 
- Farás assim a todas as cidades muito afastadas, que não são do número destas nações. 
- Quanto às cidades daqueles povos cuja possessão te há de dar o senhor, teu deus, não deixarás nelas alma viva.
Observação:
A única interpretação possível para isto é crime e, ainda por cima, hediondo.
Êxodo:
- Cobrou impostos em dinheiro como condição para que o fiel não sofra flagelo (Êxodo, cap. 30, v. 11 a 16).
- Determinou que todo ouro, prata, objetos de bronze e ferro saqueados na tomada de Jericó passassem a integrar seu "tesouro sagrado" (Josué - Tomada de Jericó, cap. 6, v. 19).
- Fez aliança, exigindo uma arca de ouro (Êxodo, cap. 24, v. 10 a 23); é fiel, castiga, premia e exige fidelidade proibindo alianças com outros deuses (Êxodo, várias passagens).
Observação:
Isto não seria a base para os representantes de deus tornarem seu negócio lucrativo?
Os Espíritos superiores, na tarefa de codificação da doutrina espírita realizada por Kardec, tampouco tentaram interpretar estes livros. E, em O Evangelho segundo o Espiritismo, Kardec apresenta-nos Sócrates como precursor de Jesus e não os profetas.
É certo que o Velho Testamento menciona comunicações entre os homens e os Espíritos. Mas outros livros ditos sagrados de outras religiões também o fazem.
Os espíritas, sabendo que esta comunicação existe, devem se ater em estudá-las para fazer melhor uso delas. Isto é muito mais útil. Sem nenhum desrespeito, é pura perda de tempo ficar fazendo estes estudos bíblicos que não fazem parte dos livros espíritas.
O Espiritismo se propõe a ser uma religião cristã pura baseando-se, quanto ao ensino moral, nos ensinamentos de Jesus. 
A Bíblia é o único livro "sagrado"? 
Não é! A Bíblia só alcança as religiões abraâmicas, tais como o judaísmo e as cristãs modificadas.
Como cristãs modificadas estão os católicos, os protestantes tradicionais, os ortodoxos, os evangélicos etc. Não se inclui aí o Espiritismo.
Elas são modificadas porque a Bíblia que elas adotam acrescentou ao Evangelho de Jesus os textos do Velho Testamento. 
Estes textos, até então chamados lei dos profetas, contêm muita coisa que nada tem a ver com o Cristianismo e deram origem a dogmas inúmeros a ponto de, em algumas delas, se dar a eles um valor maior do que os ensinamentos do próprio Jesus.
Outros povos têm também seus livros ditos sagrados.
Um exemplo disto é o Hinduísmo com o livro dos Vedas.
Como a Bíblia, é dito que o livro dos Vedas também foi inspirado por deus.
Em sendo Deus único, seria natural que ambos - Bíblia e Vedas - contivessem ensinamentos convergentes.
Ao compará-los, no que diz respeito à gênese do Universo e do homem, temos:
Gênese do Universo:
Segundo a Bíblia:
Dia 1
- Manhã: Criou terra e o céu vazio e escuro.
-Tarde: Criou a luz. Separou luz de trevas.
Dia 2
- Manhã: Criou um firmamento no meio das águas, tendo água do céu e águas de baixo.
- Tarde: Entre as águas de baixo criou o elemento seco: a Terra.
Dia 3
- Criou árvores e plantas que passaram a produzir.
Observação: Como as árvores puderam produzir sem a fotossíntese, visto que o Sol só foi criado na etapa seguinte?
Dia 4
- Criou lumiares no Céu. Sol para o dia. Lua para a noite. As estrelas para o céu.
Dia 5
- Criou peixes nas águas e aves no céu.
Dia 6
- Criou animais domésticos, répteis, animais selvagens.
- Criou o homem e a mulher, à sua imagem.
Dia 7
- Descansou.
Segundo os Vedas: (1)
- O universo é um sonho de Deus (Brama ou Brahma).
- Após um século de Brama (314 trilhões de anos) o universo se dissolve num sonho
em sonhos. Aí recomeça. Ele recompõe-se num novo sonho. 
- É o sonho cósmico de Deus que é um ciclo sem fim de renascimentos e mortes.
- São muitos os deuses hindus que cooperam (intermediários que trabalham sob a coordenação de Brama).
- Shiva e Vishnu principais auxiliares de Brahma. Shiva na criação do Universo e Vishnu na do homem.
- Nosso universo é o sonho cósmico de Shiva.
- Enquanto isso, em outro lugar, há um número infinito de outros universos, cada um com seu próprio deus (outros Shivas?) sonhando o sonho cósmico.  
(1) Referência: blog de Abhilash Rajendran.

             Paulo Artur Gonçalves                             (continua )

PAZ, MUITA PAZ!

sábado, 18 de agosto de 2012

A Doutrina Espírita e o Conceito de Tempo – Uma Revolução em Silêncio




De que modo existem aqueles dois tempos – o passado e o futuro – se o passado já não existe e o futuro ainda não veio? Quanto ao presente, se fosse sempre presente e não passasse para o pretérito, já não seria tempo, mas eternidade!

Foi dessa maneira devastadora para todos os filósofos e que até hoje não teve contestação, à altura, que Santo Agostinho, no Livro XI de Confissões, nos colocou o problema de definir o que é o tempo. 

O presente artigo tem por objetivo apresentar algumas considerações a respeito desse problema fundamental para Filosofia e as oportunidades e desafios que o Espiritismo nos oferece ao abordá-lo. 

Cada vez que nos perguntamos o que vem a ser exatamente o tempo ficamos impressionados – a quantidade de respostas é inversamente proporcional à capacidade de esclarecimento. Desde as condições meteorológicas até o processo de envelhecimento, passando pelas piadas daqueles que nos mostram seus relógios, as pessoas nos dão longas explicações que a rigor não têm significado algum. Mais do que isso, nos impressionamos com a convicção de respostas que frequentemente apelam para noção de "senso comum" e que demonstram aquela que talvez seja a única verdade sobre a questão – também estabelecida pelo bispo de Hipona –: se nos perguntam o que é o tempo, sabemos; se tivermos que explicar o que é, já não sabemos. 

É a partir deste ponto que eu gostaria de começar este breve exercício de entendimento. O conceito de tempo como uma espécie de "ordem interna" do processo racional foi magistralmente tratado por Kant em sua Crítica da Razão Pura. Na parte que toca à Estética Transcendental, parece ser evidente que a simples noção daquilo que venha a ser o tempo prescinde de uma experiência prévia, e ele é definido como uma espécie de "verdade intuída". Sem ser um filósofo profissional e muito menos ter a certeza de ter compreendido bem um livro como esse, me parece que o tempo funciona como uma espécie de "pano de fundo" para um teatro em que o ator principal é a nossa própria razão. Parto aqui da ideia de que tudo aquilo que entendemos como racional precisa ser entendido no tempo e não a partir dele. Tudo que nos cerca nos parece passível de ser analisado racionalmente à medida que estabelecemos relações de causa e efeito entre os fenômenos que observamos. Sem a noção de antes e depois, não é, a meu ver, possível ser racional em sentido algum.  

A verdadeira revolução que a Doutrina Espírita coloca para esse problema (definição do que é o tempo) é a ideia da reencarnação. Toda nossa vida é pautada pela ideia de finitude. Aceitando ou não, todos nós sabemos que um dia vamos morrer e o universo moral em que vivemos tem seus conceitos inevitavelmente fundados nisso. Nossa espécie construiu seus ideais de beleza, amor, verdade, e, acima de tudo, justiça em função de sermos mortais. Extrapolamos nossas noções de certo ou errado conforme o tempo em que estivemos aqui. Conversando com amigos ou simples conhecidos, nos surpreendemos às vezes dizendo de forma amarga: – Não há justiça nesse mundo. Veja o exemplo de "fulano", que trabalhou toda vida, nunca fez mal a ninguém, sofreu como um cão e morreu na miséria. Não é fácil ser filósofo num momento assim, mas num exercício muito rápido é possível ver que toda essa "verdade" exposta de maneira tão cruel depende de aceitar como resolvido um problema que não está nem próximo disso. Se não, vejamos: como posso dizer que não há justiça nesta vida quando não sei exatamente o que é o tempo? Se a própria noção geral do que é justiça depende unicamente da minha vida aqui nessa Terra, e que essa vida é a única que eu tenho, como posso aceitar um Deus que me faz nascer, morrer, e viver na mais perfeita injustiça? Coloca-se aí o problema de que, se Deus existe, ele não é justo, mas, se ele não é justo, então, não é Deus.

A revolução a que faço referência no título deste trabalho é o advento da noção de reencarnação. Resgatada e codificada de forma tão brilhante por Kardec, ela não é nova na história humana, pois a necessidade que todos nós temos de dar um sentido ao sofrimento e entender aquilo que vivemos é anterior ao Espiritismo. 

Iluminados pela mensagem deixada por Cristo, que tem como fundamento o princípio filosófico de que o fim do corpo não é o do espírito, temos na ideia de reencarnação toda uma verdadeira "revolução" naquilo que entendemos como justiça. Este é o fato fundamental, pois eu afirmo que todo ser humano, acreditando ou não em Deus, sabendo ou não o que é o tempo, está, como diria Sartre, "condenado a ser livre" e, para isso (acréscimo meu), a buscar aquilo que pensa ser justo.

"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei" é o lema desta revolução que se fez em silêncio, que mudou o que pensamos sobre o que é a justiça e o que é o tempo, e nos mostra, de maneira quase geométrica, que fora da caridade não há salvação. 

Milton Simões Pires


                                                                                             PAZ, MUITA PAZ!


Disponível em: http://www.forumespirita.net/fe/accao