Esta mensagem, extraída
do prefácio do "Evangelho Segundo o Espiritismo", resume o verdadeiro
caráter do Espiritismo, que é a doutrina dos Espíritos. Se a Doutrina Espírita
fosse de concepção puramente humana, não ofereceria por penhor senão as luzes
daquele que a houvesse concebido. Quis Deus que a nova revelação chegasse aos
homens por caminho mais rápido e mais autêntico. Incumbiu, pois, os Espíritos
de levá-la de um pólo a outro, manifestando-se por toda a parte, sem conferir a
ninguém o privilégio de lhes ouvir a palavra. Um homem pode ser ludibriado,
pode enganar-se a si mesmo; já não será assim, quando milhões de criaturas vêem
e ouvem a mesma coisa. Constitui isso uma garantia para cada um e para todos.
Ao demais, pode fazer que desapareça um homem; mas não se pode fazer que
desapareçam as coletividades; podem queimar-se os livros, mas não se podem
queimar os Espíritos.
São, pois, os próprios
Espíritos que fazem a propagação, com o auxílio de inúmeros médiuns que, também
eles, os Espíritos, vão suscitando de todos os lados. Se tivesse havido
unicamente um intérprete, por mais favorecido que fosse, o Espiritismo mal
seria conhecido. Qualquer que fosse a classe a que pertencesse, tal intérprete
houvera sido objeto das prevenções de muita gente e nem todas as nações o
teriam aceitado, ao passo que os Espíritos se comunicam em todos os pontos da
Terra, a todos os povos, a todas as seitas, a todos os partidos, e todos os
aceitam. O espiritismo não tem nacionalidade e não parte de nenhum culto
existente; nenhuma classe social o impõe, visto que qualquer pessoa pode
receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo.
Os ensinamentos dos
Espíritos dirigem-se a todas as raças da Terra. Os Espíritos proclamam, por
toda a parte, os princípios em que ela se apóia. Por todas as regiões do globo
perpassa a grande voz que convida o homem a meditar em Deus e na vida futura.
Acima das estéreis agitações e das discussões fúteis dos partidos, acima das lutas
de interesse e do conflito das paixões, a voz profunda desce do espaço e vem
oferecer a todos, com o ensinamento da palavra, a divina esperança e a paz do
coração.
A humanidade conheceu as
três revelações divinas que possibilitaram seu progresso moral e espiritual.
Moisés foi o eleito para divulgar e implantar a primeira revelação, conhecida
como Lei de Justiça. Jesus Cristo veio a seguir divulgar e implementar a
segunda revelação, que é a Lei de Amor. Em 1855, Hippolyte Léon Denizard
Rivail, utilizando o pseudônimo “Allan Kardec”, iniciou a codificação e
divulgação da terceira revelação: a Doutrina dos Espíritos.
O Espiritismo, nome dado
por Kardec à doutrina dos espíritos, se expressa como ciência, filosofia e
religião. Os aspectos científicos e filosóficos, aliados à fé raciocinada,
possibilitam um campo extenso para a investigação, comprovação e assimilação de
novos conceitos, teorias científicas e intelectuais que possibilitam o
progresso da humanidade.
O aspecto religioso, por
sua vez, de foro íntimo, possibilita a ligação da criatura com o Criador,
mediante o esforço individual de cada ser humano em superar as suas fraquezas e
maus comportamentos, que o impedem de evoluir moralmente.