sábado, 14 de abril de 2012
Aborto legalizado no Brasil
Ação das trevas ou
omissão dos espíritas?
Há muito tempo, alertas vem sendo dados acerca da
ameaça da legalização do aborto no Brasil, o que se constituirá num dos
maiores carmas que esta Nação pode enfrentar na sua história.
Há muito tempo benfeitores espirituais vêm nos
mandando mensagens, através de Chico, de Divaldo e de vários médiuns
conceituados, alertando-nos contra essa triste ameaça.
Há muito tempo vimos clamando, enérgica e até
desesperadamente, por uma união entre os espíritas, por um esforço por
entendimento e melhores diálogos entre os espíritas.
Há muito tempo vimos clamando para que o movimento
espírita dispa-se de toda a roupagem da hipocrisia e entenda a importância de
nós espíritas, também, participarmos ativamente das discussões políticas do
nosso país, posto que qualquer espírita lúcido, consciente e que tem o mínimo
de inteligência sabe que quem decide as leis em um país são os políticos.
Todo mundo viu o Deputado Federal Luiz Bassuma,
espírita, grande bandeirante na luta contra o aborto, ser expulso do PT, o
partido que governa o país, porque recusou-se a portar-se conforme as
conveniências do partido, que sempre foi e é a favor do aborto, preferindo
manter a sua fidelidade, prioritariamente, aos princípio éticos e morais
ensinados pela Doutrina Espírita.
Recentemente, quase em desespero, tomei a
iniciativa de realizar, em São Paulo, o Primeiro Encontro Nacional de
Parlamentares Espíritas, convidando os espíritas a um estudo, um diálogo, uma
troca de idéias acerca da importância, da necessidade e da urgência do
movimento espírita, também, tratar de estudar a indicação de companheiros
nossos, preparados para também nos representar no Congresso Nacional, nas
Assembléias Legislativas, nas Câmaras dos Vereadores e na política em geral.
A resposta foi o salão nobre da Câmara dos
Vereadores de São Paulo vazio e ficarmos, como idiotas, falando aos ventos,
como uma voz que clama no deserto.
De repente, hoje, começo a ver a minha caixa postal
cheia de emails de espíritas dizendo que “as ações das trevas estão se fazendo presentes no Brasil”, por causa das recentes decisões tomadas em Brasília.
Meus amigos, que me desculpem o desabafo, mas estou
fazendo um esforço enorme para controlar os meus dedos no teclado do
computador, para me conter na hora de responder a esses emails.
Sinceramente, se eu fosse responder mesmo, dizendo
para esses “espíritas” o que está no fundo do meu coração, tenho certeza de que
as fragilidades e os sofismas de muitos iriam dizer que eu estaria sendo
agressivo e faltando com a caridade para com o movimento, posto que o nível de
inteligência atrofiada de alguns só consegue ver agressividade e nunca o que há
de profundo no conteúdo dos temas que tenho procurado abordar aqui por esta
tribuna.
Ainda vêm dizer, no maior cinismo do mundo, que são
simples ação das trevas?
Continuamos a dizer que tudo é culpa dos
obsessores, tudo é culpa das trevas?
E a nossa omissão, a nossa frieza e a nossa
indiferença onde é que ficam?
Desculpem, mais uma vez, mas o que falta no
movimento espírita é vergonha na cara.
Vejamos com o que muitos espíritas estão
preocupados:
Em ocuparem seus tempos com escritos intermináveis
combatendo a obra de J. B. Roustaing, só porque ela traz alguns conceitos que
não combinam bem com a forma como eles entendem a doutrina. Vejam bem, gente:
não se trata de obra que ensina ninguém a matar, a roubar, a praticar aborto, a
fazer tráfico de drogas, a ser estelionato e a cometer atos maléficos ou
imorais, trata-se de uma obra que apenas diz que o corpo de Jesus foi fluídico
e outras coisinhas a mais de interpretação um pouco diferente.
Em ocuparem seus tempos a atacar Carlos Bacelli,
Wanderley Oliveira, Robson Pinheiro e outros confrades, também pessoas
honestas, também homens de bem, também trabalhadores da causa espírita, só
porque em seus livros eles escrevem coisas que possam ser diferentes daquilo
que nós entendemos como verdades.
Em atacarem Ramatis, Pietro Ubaldi e outros
espíritos que, nos seus sagrados direitos de expressão, também emitirem
opiniões, também fazem colocações que não coincidem com tudo o que pensamos e
da forma como pensamos.
O nosso movimento espírita tem gente que chega ao
ponto de combater veementemente, boicotar, sabotar, proibir e até ODIAR,
por incrível que pareça, esses confrades que apenas falam algumas coisas que
não coincidem cem por cento como pensamos.
Outros palhaços, preocupados com grupos que cobram
taxas em eventos espíritas, para manter obras, em suas mentes venenosas e
maldosas só conseguem conceber como se alguém tivesse querendo “ficar
rico, à custa da doutrina”, posto que as inteligências de minhoca não
conseguem ver boa intenção em ninguém.
Perguntemos: Por que não utilizam dessa mesma
energia, dessa mesma valentia e dessa mesma determinação para lutarem na
política brasileira, contra as verdadeiras mazelas que envergonham o país?
Uai, cadê a valentia?
Só conseguem ser valentes na hora de proibir e
boicotar obras de confrades? Na hora de proibir expositores de falarem em seus
centros? Na hora de enviarem cartas ou emails reservados e sigilosos a outros
centros, carregados de venenos, recomendando que levem confrades à fogueira ou
à guilhotina?
Isto e zelo pela doutrina ou é atitude extremamente
calhorda, canalha, covarde e sem vergonha que já deveria ter sido abolida, há
muito tempo, do nosso movimento?
Se esconder atrás da hipocrisia e do falso
moralismo, resumindo um companheiro como simplesmente “polêmico”, porque está
disposto ao diálogo e ao convite a discussões de assuntos com mais profundidade
e menos sofismas, é manter um estado de calma ou é uma tremenda covardia e
ridícula omissão por incompetência para enfrentar os problemas cara a cara?
E ainda vêm dizer, na maior cara de pau do mundo,
que a iminente legalização do aborto no Brasil é simples ação das trevas?
A pior treva que existe em nosso país é a da
omissão daqueles que pegam a tribuna para falar em amor, em paz, em
fraternidade, em “deixe nascer” e em caridades sem que, no fundo e na prática,
não fazem nada disto.
Como diz o Boris Casoy: Isto é uma
vergonha!
Quero pedir aos meus amigos espíritas, com todo
carinho que todos são merecedores e que tem os seus direitos de expressão, como
eu tenho os meus:
Me mandem os emails que quiserem, falando sobre
tudo, dando opinião sobre tudo, mas, pelo amor de Deus, me poupem de emails
comentando esta decisão sobre o aborto no Brasil, com esse papo furado e
ridículo de que foi simplesmente ação das trevas, porque eu não sou um espírita
tão burro assim para acreditar numa coisa desta.
Isto é só o começo!
Quem viver verá, o que virá em nosso país daqui pra
frente.
Por enquanto muitos espíritas estão diante apenas
de um texto deste“polêmico”, mas amanhã, podem estar preparados, porque
no mundo espiritual, diante das prestações de contas que todos nós seremos
convidados, todos vamos ver quem de fato será polêmico.
Indignadamente
"O futuro
do Espiritismo será aquilo que os espíritas fizerem dele".
Abração
Alamar Régis Carvalho
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