Semper ascendens:
(1) “De muito longe venho, em surtos milenários; vivi na luz dos sóis, vaguei
por mil esferas e, preso ao turbilhão dos motos planetários, fui lodo e fui
cristal, no alvor de priscas eras.
Mil formas animei, nos reinos multifários: fui planta no verdor de
frescas primaveras e, após desenvolver impulsos embrionários, galguei novos
degraus: fui fera dentre as feras. Depois que em mim brilhou o facho da razão,
fui o íncola feroz das tribos primitivas e como tal vivi, por vidas sucessivas.
E sempre na espiral da eterna evolução, um dia alcançarei, em planos bem
diversos, a glória de ser luz, na Luz dos universos”. (2)
Espíritos que somos, fomos todos criados “simples e ignorantes, isto é,
sem saber”, (3) devendo, através das múltiplas chances encarnatórias,
conhecerem a verdade e palmilhar a estrada da evolução rumo à perfeição, o que
nos proporcionará “a pura e eterna felicidade”, (4) que é nossa destinação.
Jesus há mais de
dois mil anos, ensinou-nos o Mandamento do Amor, base indispensável para
qualquer melhoria individual e coletiva.E, como roteiro seguro, receita para essa escalada luminosa rumo ao progresso, legou-nos as Bem-aventuranças, verdadeiro “coração” do Sermão da Montanha: aí, nessas pérolas inigualáveis de sabedoria e doçura, encontramos, em maravilhosa simplicidade, os recursos íntimos que devemos desenvolver em nós a fim de capacitar-nos para pensar, sentir e agir no bem.
Um bom amigo nosso (Milton Menezes), em suas explanações em tarefas espíritas, costuma alertar a seus ouvintes de que, se não nos achamos aptos ainda a cultivar o amor incondicional, devemos dedicar-nos corajosa e persistentemente a semear e cultivar os “filhotes do amor” (respeito, paciência, tolerância, humildade, simplicidade etc.).
Não tenhamos dúvida de que, então, estaremos transformando a Terra realmente num mundo azul, belo e evangelizado.
Reformador Maio 2010
1Latim: “Sempre ascendendo”.
5MATEUS, 5:14. Bíblia sagrada (CD--ROM). Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1996.
A seguir, com as importantes parábolas, Ele nos exemplificou quais
atitudes devemos ou não tomar.
Mais tarde, em pleno século XIX, a Doutrina Espírita veio, com a
permissão de Deus e sob a orientação do Cristo, recordar-nos seus ensinos,
enfatizando a necessidade de que os sigamos para sermos realmente felizes, o
que é o anseio de toda a Humanidade.
Assim, com esclarecimentos detalhados, é-nos sinalizada, como
imprescindível, a nossa reforma íntima, único meio de alcançarmos nossas metas
de júbilo e pureza.
Aliás, Jesus já nos animava a encetar essa reconstrução interior, ao
afirmar: “Vós sois a luz do mundo. (5) Vós sois o sal da terra”. (6) E nós,
como estamos?
Apesar de todas essas informações, de todos esses avisos, muitos de nós
ainda estamos claudicantes nesse mister, às vezes até caminhando invigilantes,
descuidados, esquecendo que, embora o progresso seja uma lei divina, nós somos
seres inteligentes: “o princípio inteligente do Universo”, (7) capazes de
alcançar patamares evolutivos superiores, mais ou menos rapidamente, conforme o
uso que façamos de nosso livre-arbítrio.
Por que é tão difícil praticarmos com autenticidade a Lei de Amor?
Para algumas pessoas, a palavra “amor” encerra tanta grandeza, tanta
sensação de incomensurável, que não raro se sentem “esmagadas” e incompetentes
ante esse peso, praticamente desistindo dessa inadiável empreitada.
Todos nós precisamos entender que “reformar” significa novamente dar
forma a alguma coisa, “modificá-la para melhor”, e, porque não, “retocá-la”,
“embelezá-la”... É higienizarmos nosso interior, sanando-o de miasmas
pestilenciais, eliminando sombras persistentes, as quais, desavisadamente,
permitimos que nos invadissem, e que insistem em querer ocultar a luz da
verdade que irá nos libertar.
Desse modo, embora enfrentando numerosas dificuldades individuais,
iremos paulatinamente eliminando erros e edificando virtudes, as quais nos
levarão ao Amor Incondicional, semelhante ao de Jesus.
Por conseguinte, ouçamos a voz de Jesus em nós, e, com perseverança,
anulemos conscientemente os adornos enganosos do Homem Velho, que nos cerceiam
a evolução, e dediquemo-nos a esculpir em nós mesmos o Homem Novo, tornando-nos
Cidadãos do Universo, dignos filhos amados de nosso Pai.
Recordemos as palavras judiciosas do Dalai Lama: Se você quer
transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento
pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. [...] (8).
2ROMANELLI, Rubens C. Primado do espírito, 3. ed. Belo Horizonte: Ed.
Síntesi, 1965. Tópico III – Temas Filosóficos: Evolução, p. 55.
3KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 115.
4Idem, ibidem.
6MATEUS, 5:13. Idem.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 1.
reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Q. 23.
8Disponível em: <www.pensador.info/autor/ DalaiLama/>.
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