quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O livro dos Espíritos Segunda Parte - CAPÍTULO VIII - DA EMANCIPAÇÃO DA ALMA Êxtase

Êxtase 439. Que diferença há entre êxtase e o sonambulismo? - “O êxtase é um sonambulismo mais apurado. A alma do extático ainda é mais independente.” Comentários - ÊXTASE E SONAMBULISMO E SONAMBULISMO O êxtase é verdadeiramente um sonambulismo mais profundo. O Espírito, nesse transe, é mais independente, por isso pode ver com mais segurança e ouvir com mais perfeição as coisas de Deus. Podemos analisar a vida dos grandes sábios e numerosos místicos que ficavam em êxtase com facilidade, entrando assim em comunicação perfeita com os benfeitores espirituais. O Espírito do extático, com tal exercício, assume de certa forma perfeito controle das suas faculdades, e passa a viver os dois mundos, sentindo os dois ambientes na sua normalidade que nos cabe estudar. Jesus Cristo era hábil nesse transe, no entanto, o Seu estado suplantava o de todos os outros, por ter Ele completa consciência das Suas faculdades altamente desenvolvidas, exercendo Seus dons quando e quanto pretendia, na mais perfeita tranquilidade. A Doutrina Espírita é capaz de levar a todos os seus profitentes os recursos para o despertamento de todos os talentos que Deus depositou em nossa intimidade, mas, o trabalho é nosso. Primeiro entramos na teoria, para depois surgir a prática, porque somente vivenciando a Verdade, ela colocar-nos-á livres da ignorância. O êxtase é um sonambulismo mais apurado, diz “O Livro dos Espíritos”, e essa purificação vai se fazendo na pauta do tempo, quando nos mostra o caminho que devemos percorrer para a nossa libertação espiritual. Um edifício é feito de materiais que são usados em etapas; depois forma-se o todo. Assim é tudo, sendo a mesma lei, para formarmos o edifício da nossa vida. Não pode faltar o material que se encontra a nossa disposição, e pelo esforço na arte de melhorar é que acabamos formando nosso edifício moral. É bom que saibamos de todas as ciências; no entanto, cumpre-nos reconhecer, que o amor é indispensável para a solidificação da nossa vida. Vivemos dentro da eternidade, onde nada falta para todos que vivem por Deus e em Deus. Os santos aprimoram suas faculdades, a história é testemunha. Não foi ganhando-as de alguém que eles as conquistaram. Foram, na realidade, passo a passo, subindo os caminhos dos calvários, sofrendo todas as agruras do tempo, todas as investidas dos problemas, todas as injúrias, para ascenderem livres das trevas do mundo, onde a ignorância domina. A humanidade está abeirando a maturidade espiritual. Compete a todos observarem o chamado, e a escolha da própria natureza e acompanhar Jesus onde Ele achar mais conveniente, dar as mãos ao Senhor nas lutas que poderão surgir por fora e por dentro, para que nasça nos corações o Cristo interno, força capaz de nos levar à felicidade. Se queremos aperfeiçoar as nossas faculdades, de sonambulismo, de êxtase e outras mais que poderão surgir em nossos caminhos, não nos esqueçamos do entendimento. Não devemos fazer-nos esquecidos do amor e da caridade, que são portas que nos mostram a vida em outras dimensões. Aí, adquiriremos a certeza absoluta da paz interna e das leis universais que nos garantem a tranquilidade imperturbável no coração. 440. O Espírito do extático penetra realmente nos mundos superiores? - “Vê esses mundos e compreende a felicidade dos que os habitam, donde lhe nasce o desejo de lá permanecer. Há, porém, mundos inacessíveis aos Espíritos que ainda não estão bastante purificados.” Comentários - VISÃO DOS MUNDOS ELEVADOS O Espírito do extático vê mundos adiantados e sente a vontade de neles habitar, e seu desejo é tão grande que ele poderia desencarnar se não fosse à assistência dos benfeitores espirituais que o atendem, pelos compromissos assumidos desde o início da sua reencarnação na Terra. Todavia, mesmo que tivesse permissão para ir para um mundo de alta elevação moral, ele não o poderia, dado a sua evolução não suportar essa moradia. Para reencarnar em um mundo altamente evoluído, necessário se faz que tenhamos evolução para tal empreendimento. É por isso que não é permitido que o extático entre em transe para observar esses mundos sempre, pois poderia passar a atrofiar seu corpo e acabar desencarnando, quando, então, não iria para aquele mundo que desejava, porque não basta somente o desejo; é preciso que se seja igual aos que ali se encontram. Muitas pessoas reclamam sempre porque não têm sonhos nem lembranças, ao acordarem, das colônias espirituais onde se pode sentir a felicidade. Eis aí a resposta: se todas as noites tivessem sonhos conscientes dessas estâncias espirituais felizes, ao chegarem ao corpo lhes assomaria n’alma a tristeza de viver em um mundo inferior, e passariam, como já falamos, a atrofiar suas próprias faculdades, acabando por passar para o outro lado sem, contudo, ter condições de viver nos ambientes dos quais tiveram sonhos ou notícias, por intermédio dos Espíritos. Tudo tem de obedecer a uma relatividade espiritual, para que haja o equilíbrio. Não se pode andar com a velocidade da luz, enquanto se for das trevas. Em “O Livro dos Espíritos” não fala o Espírito que responde à pergunta, que o extático penetra nos mundos superiores e, sim, que ele vê esses mundos. Dilata-se a sua visão, pela faculdade que possui, e ele vê o mundo, como estância de luz que fascina os sentimentos. A resposta também não diz que não poderemos algum dia morar nesses mundos; depende da nossa evolução espiritual. Algum dia estaremos sendo remanejados para tais planetas, que mais parecem mundos fluídicos, devido igualmente à purificação da matéria. Fluidos sutis interpenetram essas casas de Deus, onde todas as almas fizeram esforços para despertar as suas faculdades. No extático que se integrou nos ensinamentos de Jesus, que passou a viver o amor e a caridade todos os dias, as qualidades espirituais vão desabrochando, crescendo para Deus, de modo que a sua visão alcança as belezas imortais da vida universal, e Deus palpitará com mais fulgor na cidade do seu coração. O Cristo Jesus foi uma notícia de Deus para a humanidade, de que existem mundos de ventura, para serem entregues a todos os Seus filhos que fizerem jus à Sua morada, onde reina a mais pura fraternidade. Conhecendo o Evangelho e começando a vivê-lo, nós entenderemos a felicidade dos que moram nesses mundos de luz, e reconheceremos a felicidade dos nossos irmãos mais velhos, que conquistaram a paz. A purificação das almas é bem demorada, mas não é impossível, e depois de purificadas não regridem; avançam sempre na condição de estrelas de luz a iluminar os próprios mundos e a ajudar aos que se encontram na retaguarda. Eis o de que precisamos alcançar com Jesus, para encontrar Deus mais visível dentro de nós. 441. Quando o extático manifesta o desejo de deixar a Terra, fala sinceramente, não o retém o instinto de conservação? -“Isso depende do grau de purificação do Espírito. Se verifica que a sua futura situação será melhor do que a sua vida presente, esforça-se por desatar os laços que o prendem à Terra.” Comentários - DESEJO DE DEIXAR A TERRA O extático pode manifestar o desejo de desencarnar, no momento do transe, porque, às vezes, contempla mundos felizes. Se ele passa na Terra por certas provas, respirando o ambiente de duras conseqüências, pode deixar-se levar pelo desejo de romper os laços que o prendem ao corpo físico, porém, os que o cercam não deixam e usam de seus recursos para fazê-lo voltar ao domínio da matéria. Se ele está encarnado, tem uma tarefa a desempenhar, e partindo os laços antes do tempo, seria um suicida e comparado como tal. A sua consciência o castigará, de sorte a pedir a sua volta ao mesmo mundo, reparando as faltas cometidas, em piores condições do que antes. Desejar o melhor, todos desejam, não obstante, é preciso saber se merecemos o que almejamos. Procuremos, pois, somente a vontade de Deus e não a nossa, que o Senhor sabe o que faz, mais acertadamente. O êxtase é um caminho onde poder-se-á recolher ensinamentos valiosos para o extático e para os seus semelhantes, onde a fé, o amor e a caridade possam salientar-se como bênçãos de Deus. Convém a todos os seres procurar estudar, meditar e rever todos os ensinamentos que nos melhoram, direcionando o aperfeiçoamento e esquecendo totalmente o mal, que nunca merece discussões sobre ele. Todos na Terra, desde o primitivo, até o Santo, devem se esforçar para ficar no mundo movendo o fardo físico o quanto puderem. Uma reencarnação não é fácil; para essa oportunidade, existem inúmeros candidatos. A volta ao corpo é bênção de luz entregue ao Espírito, como oportunidade grandiosa. Não devemos perder esse tesouro, e quanto mais nos demorarmos na carne, mais cresceremos para Deus, no sentido de despertarmos os talentos no escrínio da vida interna. Notam-se muitas criaturas, movidas pela ignorância, querendo por todos os meios deixar a Terra, pensando que irão para um mundo de descanso. Quem procura descanso está atraído pela morte sem o saber. A vida feliz é movimento constante. Usemos dos poderes da oração e peçamos a Deus o trabalho, porque foi a primeira coisa de que Deus Se lembrou, se assim podemos dizer. Jesus não Se esqueceu de dizer que Deus opera sempre e que Ele laborava constantemente. O homem dotado de sonambulismo e da faculdade de êxtase não deve largar essa oportunidade, buscando deixar a Terra quando queira. Que ele trabalhe onde estiver, para o bem da humanidade; que não se engane procurando o céu no exterior, pois ele se encontra dentro de cada um. Se ainda não o encontrou, que faça por onde ele possa surgir. Os caminhos estão aí, muito lembrados por muitas pessoas: chamam-se amor e caridade; fora dessas forças, não poderemos encontrar a felicidade. Buscá-las fora, é desperdiçar tempo e iludir-se a si mesmo. Esquecer compromissos, não é o certo. A razão apurada nos fala que devemos cumprir os nossos deveres, para que a consciência se tranquilize em uma dimensão de paz, onde não há desarmonia. Às vezes, Deus deixa acontecer a desencarnação; quando o extático deseja e força a saída do corpo antes da hora, para que o Espírito aprenda com a violência o valor da obediência, o valor da honestidade consigo mesmo. A não violência é forma cristã que nos assegura a estabilidade do amor no coração. Não podemos repetir o que muitos já fizeram, arruinando a vida. Se não se está bem no corpo, pela inquietação consciencial, fora dele se continuará do mesmo modo, ou pior. O corpo físico é uma esponja que absorve o magnetismo inferior de muitos deslizes do passado. Cuidemos dele e seremos felizes. O tempo é o alívio cósmico de todos nós, e a dor é a caridade de Deus manifestando-se desta forma, para que sejamos felizes por Sua ajuda na irradiação do amor. 442. Se se deixasse o extático entregue a si mesmo, poderia sua alma abandonar definitivamente o corpo? - “Perfeitamente, poderia morrer. Por isso é que preciso se torna chamá-lo a voltar, apelando para tudo o que o prende a este mundo, fazendo-lhe sobretudo compreender que a maneira mais certa de não ficar lá, onde vê que seria feliz, consistiria em partir a cadeia que o tem preso ao planeta terreno.” Comentários - ABANDONO DEFINITIVO O Espírito em transe extático poderia, desejando fortemente, abandonar definitivamente o corpo, porém, se for evoluído, ele não pensará dessa forma, por conhecer as leis naturais formuladas por Deus para a harmonia da criação. O Espírito elevado comunga com a paz universal e conhece todas as leis. O erro é ambiente somente para a ignorância, e é por isso que a Doutrina Espírita vem mostrando Jesus na feição grandiosa da Sua inteligência e do Seu amor para com toda a humanidade, para que não se percam as oportunidades proporcionadas aos que se encontram na Terra, movendo-se em corpos materiais. As leis nos falam que, contrariando-as, voltaremos com mais dificuldades para obedecê-las depois. Repetir o ano na escola é fator de ignorância. Toda repetição nesse sentido é perda de tempo que poderia ser gasto em atividades de grande proveito. Há muitos suicidas que sofrem a dor do arrependimento. Deus não os tolhe em seu livre arbítrio, e dá uma lição ao aluno afoito. Busquemos os exemplos dos grandes mártires do Cristianismo, colhendo deles as bênçãos da serenidade em todas as suas provas, recolhendo forças para as nossas necessidades. Que seja feita a vontade de Deus e não a nossa, pois, Ele, o Senhor de todas as coisas, sabe mais do que todas as criaturas juntas. Ele é onisciente dentro do pensamento como Criador e, de nossa parte, torcemos os impulsos santos, sofrendo por nos desviarmos da verdade. O Senhor nos dá a liberdade de tirarmos a nossa vida física, mas nos entrega a responsabilidade do que nos poderá acontecer por esse gesto de ignorância. Quando acompanhamos Jesus, seguindo-O, fazendo forças para praticar Seus ensinamentos, claro que o próprio corpo rejeita essa mudança vibracional; contudo, o nosso dever é prosseguir, fazendo nascer em nós uma força vigorosa de amor, no lugar dos contrários à caridade. No fim, será como diz o Evangelho: “Quem perseverar até o fim, será salvo”. O Espírito já limpo das paixões humanas não pratica o ato suicida em escala alguma, somente faz a vontade de Deus, porque respeita todas as Suas leis de amor; compreende Sua missão na Terra e sabe que em volta Dele se encontram muitos benfeitores da verdade a instruí-los e ajudar, assim como existem muitos Espíritos ignorantes esperando exemplos dignificantes. O médium espírita não deve nem pensar em abandonar sua tarefa mediúnica por simples arranhões nos caminhos. Jesus foi muito mais oprimido e soube vencer todos os infortúnios, deixando Sua marca de coragem para que possamos segui-Lo, alcançando a luz e a paz de consciência. O Mestre, certa feita, falou a Paulo: “Fale, e não se cale”. É o que devemos fazer também; falar aos irmãos do caminho que estiverem esmorecidos e não nos calarmos, porque muitas vezes a palavra pode mudar suas ideias, soerguendo-os rumo ao dever, dando as mãos ao Senhor. Nesse momento de reação no bem, surgirão as claridades da esperança. Todos temos o nosso calvário a subir, mas, encontramos sempre nos nossos caminhos os cireneus a nos ajudarem a levarmos a nossa cruz, além do mesmo Jesus que não falta à Sua palavra de que não deixaria Órfãs as Suas ovelhas, as ovelhas que o Pai Lhe entregou. 443. Pretendendo que lhe é dado ver coisas que evidentemente são produto de uma imaginação que as crenças e prejuízos terrestres impressionaram, não será justo concluir-se que nem tudo o que o extático vê é real? - “O que o extático vê é real para ele. Mas, como seu Espírito se conserva sempre debaixo da influência das ideias terrenas, pode acontecer que veja a seu modo, ou melhor, que exprima o que vê numa linguagem moldada pelos preconceitos e ideias de que se acha imbuído, ou, então, pelos vossos preconceitos e ideias, a fim de ser mais compreendido. Neste sentido, principalmente, é que lhe sucede errar.” Comentários - O EXTÁTICO E A REALIDADE Tratando dessa faculdade extraordinária que é o êxtase, podemos dizer que nem tudo o que o extático vê é real; no entanto, quase tudo se mostra dentro da realidade que ocupa a sua mente, mais ou menos ligada à Terra. Entretanto, essas diferenças ou falhas se assim podemos chamá-las, existem em todas as funções mediúnicas, de todos os médiuns sem exceção. Todas as modalidades de paranormalidade sensorial pertencem a uma escala de elevação, de pureza medianímica. O único médium sem mácula que pisou na Terra foi Nosso Senhor Jesus Cristo; todos os outros pertencem à escala, onde podem existir falhas humanas, ou mesmo Espíritos que ainda não dominam a verdade, no padrão que lhes é necessário. Todos estamos na escola, procurando o aperfeiçoamento espiritual. A filtragem mediúnica pode também apresentar deficiências. Os médiuns precisam do amparo dos leitores, na compreensão e em suas preces endereçadas a todos os sensitivos em funções mediúnicas. Ocorre o mesmo com o médium psicógrafo: o medianeiro se encontra em operação de despertar, tem suas provas e se esforça para melhorar. É uma criatura igual às outras, com as mesmas necessidades. O uso de variados dons, principalmente para o médium psicógrafo, pode facilitar certas interferências, de modo a misturar verdades que poderiam, se não fosse isso, sair dos seus canais mediúnicos como as claridades do sol. Antes de criticar certas falhas mediúnicas, devemos cooperar com os médiuns em função, para que a verdade possa surgir com mais nitidez nos caminhos da Doutrina Espírita. Os médiuns e os espíritas, em geral, precisam estudar, trabalhar e servir com grande empenho, para que surja o amor nos seus caminhos, porque somente quem ama dentro do amor universal é que compreende com mais propriedade a lição valiosa do Cristo de Deus. Em se falando do extático, ele pode confundir as coisas que vê com as do mundo que habita, e com as quais está envolvido. O condicionamento é uma verdade, que pode interferir na filtragem que ele recebe do mundo espiritual. Somente um mundo de pureza espiritual não tem ambiente para as dúvidas e as comunicações traduzem a realidade. Para ficar envolvido pela verdade, é necessário que se procure a verdade, que ela aparecerá. Quando o aluno está pronto, é da justiça que o mestre surja em sua intimidade a lhe dizer a verdade, no sentido de libertá-lo das amarras da ignorância. Para se encontrar com a realidade, é preciso perseverar nas linhas de Jesus. Se aparecerem os obstáculos, é sinal de que se está caminhando certo. Se a dor surgir a nos visitar, entendamo-la como estímulo para prosseguir. Os infortúnios, já o dissemos alhures, não erram o endereço do devedor. Pagando as dívidas, ficaremos livres do credor. É de noção comum que devemos falar da realidade, dizer a verdade para os ouvidos alheios, mas, quando alguém fala para os nossos ouvidos, vêm à tona os melindres. Eis aí a marca da nossa inferioridade. Analisemos o que ouvimos, que encontraremos algo educativo nos sons recolhidos pela audição. A natureza não perde tempo, e as lições ministradas por ela são luzes que clareiam os nossos caminhos para a eternidade. A vida para a frente e para o alto consiste em cair e levantar, errar e acertar, e é nesta sequência que os dons espirituais despertam em nossos corações, de modo a mostrar ao mundo e à humanidade que encontramos o Cristo, luz de Deus libertando-nos para sempre. Estamos em busca do real, mas, antes passamos pelas ilusões. Elas é que nos mostram a grandeza da verdade. O homem de imaginação fértil pelo desenvolvimento intelectual, é mais fácil de ser enganado pela força da sua criação. 444. Que confiança se pode depositar nas revelações dos extáticos? - “O extático está sujeito a enganar-se muito frequentemente, sobretudo quando pretende penetrar no que deva continuar a ser mistério para o homem, porque, então, se deixa levar pela corrente das suas próprias ideias, ou se torna joguete de Espíritos mistificadores, que se aproveitam da sua exaltação para fasciná-lo.” Comentários - CONFIANÇA NAS REVELAÇÕES Não devemos simplesmente confiar nas revelações que nos trazem os extáticos, mas, fazer uma correção naquilo que ouvimos em caráter de revelação. Se tudo na Terra está sujeito ao erro, a razão nos diz para observarmos com critério o que vem ao nosso encontro. A nossa própria consciência tem a capacidade de discernimento bastante para selecionar o que podemos guardar do que ouvimos ou lemos. O extático pode enganar-se, porque ele fica mais livre no transe, e a sua vontade prevalece em muitos aspectos. Por vezes, ele quer revelar coisas que devem ficar em segredo e, assim, será escondida a verdade. Nesse ínterim, os Espíritos malfazejos entram no espaço criado pela vaidade e fazem revelações espetaculares, por não se importarem com as consequências que advirão dos seus erros. O médium deve conhecer as leis de Deus, orar, mas vigiar de forma a não passar dos limites no tocante às revelações. É melhor falar de menos do que pretender passar dos limites. A desmoralização de um extático vem pela vaidade, mostrando o que não deve aos que brincam com os acontecimentos, aos curiosos e especuladores dos segredos de Deus. A parcimônia deve fazer parte da vida do sensitivo, que nunca deve desejar autovalorizar-se. Tudo pertence a Deus e a Ele cabe mostrar o que deve ser revelado. Lembremo-nos que Jesus poderia falar muito mais do que disse sobre o futuro da humanidade, mas, reservou tempo para que o homem pudesse descobrir pelas próprias experimentações e pelo estudo dos efeitos que o dia-a-dia dá testemunho. A verdade é muito difícil de ser anunciada. Se bem podemos analisar, observemos que, a quantas pessoas, vendo a verdade, lhes falta a capacidade de descrevê-la, e se perdem no emaranhado dos acontecimentos. Se ao apresentarmos os fatos verídicos, sentimos dificuldades em contá-los, muito mais difícil é revelar os fatos por acontecer, vistos no mundo espiritual em estado de transe; uma coisa pode parecer outra. Quantos profetas existem fazendo revelações por toda parte?! Muitos e muitos, mas, Jesus já advertiu sobre os falsos profetas. Ainda disse que é necessário o escândalo, afirmando adiante que ai daquele que escandalizar. Se tudo tem uma razão de ser, não devemos ficar ansiosos com os acontecimentos, mas analisarmos todos os fatos e deles tirar o melhor para a nossa paz. A confiança é uma ciência divina, porém, devemos aprender como convém confiar. Os caminhos são diversos, entretanto, muitos deles abrigam armadilhas onde os lobos fazem esconderijos. Não devemos nos ofender com as mentiras que possamos escutar; elas, com o tempo, poderão se transformar em verdade, e debatendo contra elas podemos nos envolver nas suas ondas antes que elas mudem. Vejamos bem o carvão: é um falso diamante, mas, o tempo lhe muda a estrutura, e no porvir, ele pode brilhar como tal. O extático que não se vigia, pode ser levado pelas suas próprias ideias e misturar as belezas imortais com as escórias humanas. As faculdades são simples, porém, vibrantes, e na sua sensibilidade podem tomar o caráter humano e se apresentar a cegueira. O “daí de graça, pelo que de graça recebeis, é ponto firme para a nossa segurança espiritual. A persistência no bem é força valorosa, e a caridade nos garante as forças em todos os caminhos a percorrer. Se desejamos saber o melhor, amemo-nos sempre, a tudo e a todos, com a mesma paz que Jesus nos ensinou. 445. Que deduções se podem tirar dos fenômenos do sonambulismo e do êxtase? Não constituirão uma espécie de iniciação na vida futura? - “A bem dizer, mediante esses fenômenos, o homem entrevê a vida passada e a vida futura. Estude-os e achará o aclaramento de mais de um mistério, que a sua razão inutilmente procura devassar.” Comentários - ANTE OS FENÔMENOS Ante os fenômenos de sonambulismo e de êxtase, podemos devassar muitos segredos da natureza espiritual, compatíveis com os nossos desejos mais profundos. Em estado de êxtase e sonambulismo, regredimos a memória e descobrimos as vidas passadas, e em muitas delas podemos rever os nossos feitos na sua origem. Essas faculdades quebram o véu que nos encobre recuadas eras. Na mensagem anterior, falamos das coisas que devem ficar encobertas, e que nós, pela ignorância, batalhamos para pôr á vista, e de outras que vêm à tona naturalmente, como sendo bênçãos de Deus para as nossas meditações. Não devemos querer saber o que não pode ser, principalmente quando se trata de outras vidas. Deus, quando coloca um véu entre a vida atual e o passado, tem uma razão para isso: Ele espera que fortaleçamos os sentimentos para suportar a verdade. A missão do Espiritismo coordenado pelo Prof. Rivail é nos esclarecer a verdade sobre a nossa posição ante as leis que nos cercam e assistem. As raízes ficam encobertas pelo passado, para nos manter vivos e em preparação para outras tarefas que nos pedem paciência e fé. O extático, estando livre e como lhe faculta o dom, vai ao passado. Sua consciência se abre e ele lê, como se fosse em um livro, o que passou em vidas pretéritas e lhe são revelados os arcanos das vidas, ou de muitas delas. Em muitos casos isso lhe serve de estímulos; em outros, traz-lhe aborrecimentos inúmeros, capazes de fazê-lo atrofiar e mesmo partir fora de época para o mundo espiritual. Aí, ele terá que voltar em piores condições, às vezes sem o dom de sonambulismo ou mediunidade reveladora. Todo cuidado é pouco para os que têm as faculdades desenvolvidas, que devem conversar somente o necessário. Eles não sabem a capacidade de suportar dos ouvidos que os escutam, ou mesmo os seus próprios. O que devem revelar para todos é o exemplo de caridade e de amor, de perdão e de desprendimento. Essas revelações são úteis a todas as criaturas de Deus, porque melhoram seus sentimentos e lhes trazem alegria de viver. Ser profeta do belicismo é escândalo anunciando escândalos. A nossa mediunidade é o que desejamos fazer dela; se respondemos pelo que fazemos, temos a liberdade de fazermos o que pretendemos. Os Espíritos que nos acompanham por misericórdia, afastam-se da conduta que não corresponde à verdade, e se induzimos para a falsa moral, os falsos profetas aproximar-se-ão das nossas faculdades e usá-las-ão para as mentiras. Os mistérios espirituais, não é dado à razão descobri-los; somente as faculdades desenvolvidas, o sonambulismo e o êxtase, são as que penetram no desconhecido para dizer o que existe nessas paragens do invisível. No entanto, o equilíbrio espiritual seleciona o que devemos anotar na mente ativa, e conhecer conscientemente do nosso passado, se ele pode ser vivido pelo presente. Para buscar as verdades do Espírito, necessário se faz que busquemos essa verdade em Espírito e verdade. Quem estiver em dúvidas sobre o buscar o desconhecido, que use a oração e o discernimento, pedindo a Jesus a opinião sobre o que deve fazer. 446. Poderiam tais fenômenos adequar-se às ideias materialistas? - “Aquele que os estudar de boa-fé e sem prevenções não poderá ser materialista, nem ateu.” Comentários - DE BOA FÉ Se estudar os fenômenos com honestidade e boa fé, nunca a criatura será materialista nem atéia, porque esses fenômenos trazem a certeza de outra vida além do véu da carne. A filosofia espírita nos promete e apresenta novos campos de análise, com maior segurança das coisas espirituais. Em tudo o que fizermos não nos esqueçamos da honestidade, anunciando o que realmente sentimos e descobrimos nas pesquisas. Convém a todos nós pesquisar em todas as áreas das atividades humanas, para que possamos comparar os fatos e sentir os fenômenos. O homem inteligente sabe que não adianta negar a verdade, que ela permanecerá de pé diante de todas as negações por conveniência. Hoje em dia, como se pode ser materialista, crer somente na matéria, se a própria ciência já descobriu a anti-matéria? A ciência sabe que existe algo mais que as formas e pergunta sempre: de onde vem a inteligência? Por que os robôs não raciocinam? A máquina feita pelos homens não pode ser mais que os homens. Junto ao corpo se encontra o Espírito, chama divina é imortal, e depois do corpo existem muitos outros corpos sutis, que o Espírito usa como vestes. Assim como o corpo de carne tem muitas vestes, assim o Espírito. Quem procura estudar de boa fé todos os fenômenos da vida, que são incontáveis, firma a sua fé no alicerce da razão e põe esta a contar as histórias que a vida continua em todas as direções do existir. O ateu é a criatura que analisa as coisas com prevenção ou interesse e nega a realidade por simples conveniência. Ele não deseja a verdade; está acostumado às ilusões e delas faz alimentos para a sua ignorância. Perguntemos à razão mais profunda sobre a vida em todas as suas manifestações, que ela nos dará algo que fará meditarmos no desconhecido e, se a verdade nos interessa, comecemos a pesquisar a vida, ou pelo menos conversar sobre a espiritualidade, com alguém que já conhece essa realidade. A filosofia espírita todos os dias traz revelações novas para a humanidade. Isso ocorre em todos os países, mesmo nos materialistas. Os canais são diversos, mas, são reais. A humanidade, queira ou não, vai assimilando a verdade de acordo com o seu despertamento espiritual. Assim sendo, dia chegará em que a maturidade se apresentará, e a alma passará a aceitar as verdades eternas asseguradas pela sinceridade do coração. Negar a verdade é querer apagar o sol usando os dedos, como se faz com uma vela, ou um simples sopro que os seus lábios acionam. Nunca os fenômenos podem se adequar aos materialistas e ateus, porque se encontram em extremos opostos. No amanhã, todos os homens, em todas as nações do mundo, cientificar-se-ão das verdades eternas, aceitando e fazendo aceitar as leis naturais de Deus, pelas quais chegaremos a conhecer a verdade. Devemos ter boa fé em tudo o que fazemos, porque essa sinceridade nos levará à verdadeira fé, acionada pela razão e consubstanciada pelo amor. Estamos trabalhando há muito na atmosfera da Terra, para que os homens nela sediados possam converter-se às ideias de Jesus e passarem a sentir e fazer nascer o sol da esperança em seus corações.

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